- Butão usa Bitcoin para dobrar salários no setor público
- Mineração de Bitcoin aproveita energia limpa excedente
- Butão detém mais de US$ 656 milhões em Bitcoin
Enfrentando uma crise econômica crescente, o Butão tem buscado alternativas para fortalecer sua economia sem comprometer seus princípios ambientais. O país, que não possui saída para o mar e apresenta relevo montanhoso, enfrenta dificuldades para produzir alimentos e depende fortemente da Índia para suprimentos essenciais. Embora o turismo contribua com mais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), a recuperação após a pandemia tem sido lenta. Em 2023, o setor arrecadou US$ 334 milhões, dentro de um PIB total de US$ 3,02 bilhões.
Mesmo com uma política de “alto valor e baixo volume” para o turismo — que cobra US$ 100 por turista estrangeiro e US$ 15 de cidadãos indianos — o Butão tem enfrentado dificuldades para atingir a meta de 300 mil visitantes por ano. A baixa demanda afeta diretamente a geração de empregos e a arrecadação pública.
Diante desse cenário, o governo encontrou na mineração de Bitcoin uma forma de reverter parte dessa pressão econômica. O primeiro-ministro Tshering Tobgay defende a atividade como uma “escolha estratégica simples” para países que contam com excedente de energia renovável. “É simplesmente uma escolha estratégica que muitas pessoas fizeram, ganhando bilhões de dólares, e acredito que os governos deveriam fazer o mesmo”, afirmou em entrevista à Al Jazeera.
A energia hidrelétrica excedente, principalmente nos meses de verão, tem sido direcionada para alimentar operações de mineração de criptomoedas. Essa abordagem permite ao Butão impulsionar sua economia com impacto ambiental mínimo, respeitando sua Constituição, que exige a preservação de ao menos 60% do território com cobertura florestal. “Temos sido muito cautelosos com o investimento estrangeiro direto. Descartamos empresas que prejudicam o meio ambiente, contaminam o ar ou ameaçam nossa cultura”, completou Tobgay.
Além disso, o Bitcoin tem sido utilizado como ferramenta para combater a fuga de talentos. Em 2023, o governo vendeu US$ 100 milhões em BTC, utilizando os recursos para dobrar os salários dos servidores públicos e reduzir o número de demissões.
Hoje, o Butão está entre os países com maiores reservas soberanas de Bitcoin, com 7.697 BTC — o equivalente a mais de US$ 656 milhões — sob custódia da estatal Druk Holdings, de acordo com dados da plataforma Arkham.
No momento da publicação, o preço do Bitcoin estava cotado em US$ 85.795,32 com alta de 2% nas últimas 24 horas.