Web3 e Web 3.0: Conceitos Distintos
Embora os termos Web3 e Web 3.0 sejam comumente utilizados como sinônimos, eles representam ideias distintas. Web3 se refere a uma internet descentralizada, fundamentada na tecnologia blockchain. Por outro lado, Web 3.0 é conceituada como uma internet semântica, caracterizada por ser mais inteligente e interconectada.
Origem do Termo Web3
Gavin Wood, co-fundador do Ethereum, introduziu o termo “Web3” em 2014. Sua proposta visava a criação de uma internet descentralizada, sem a dominação de uma entidade centralizadora. A visão de Wood para a Web3 se apoia na tecnologia blockchain, vista por ele como um meio de estabelecer uma internet mais segura, transparente e justa.
Fundamentos da Web3
Os conceitos de Web3 e Web3.0 são sustentados por princípios e componentes fundamentais, descritos a seguir:
Descentralização
A característica descentralizada da Web3 significa que ela não está sob o controle de uma única entidade. Ao contrário, é mantida por uma vasta rede de computadores distribuídos globalmente. Essa estrutura confere à Web3 maior segurança e resistência à censura.
Baseada em Blockchain
A Web3 opera com base na tecnologia blockchain, que é um sistema de registro distribuído, empregado para assegurar e transparentizar transações. Tal característica torna a Web3 apropriada para funções como operações financeiras e gerenciamento de cadeias de suprimentos.
Criptomoedas
Criptomoedas são o alicerce da Web3. Estas representam moedas digitais ou virtuais, protegidas por criptografia, funcionando como unidades de valor em um ambiente descentralizado. A natureza das criptomoedas as torna ideais para aplicações dentro do universo Web3.
Origem da Web 3.0
A denominação “Web 3.0” originou-se com Tim O’Reilly, fundador da O’Reilly Media, no ano de 2006. O’Reilly introduziu este termo para ilustrar a ideia de uma internet avançada e interligada, fundamentada em tecnologias da web semântica. A perspectiva de O’Reilly para a Web 3.0 engloba um cenário onde computadores possam interpretar o significado dos dados e os usuários interajam com a internet de maneira mais orgânica e intuitiva.
Fundamentos da Web 3.0
Semântica
A Web 3.0 se identifica como uma web semântica, destinada a aprimorar a acessibilidade e utilidade de dados legíveis por máquinas. Isso capacitará os computadores a entenderem o significado dos dados, empregando-os de maneira mais eficaz e inteligente.
Interconectividade
A Web 3.0 é projetada para superar os níveis atuais de conectividade na internet. Isso implica em uma partilha e vinculação mais eficientes de dados entre diversos sites e plataformas. Tal avanço facilitará a localização de informações pelos usuários e o desenvolvimento de novos e inovadores aplicativos por parte dos desenvolvedores.
Código aberto
A Web 3.0 visa ser uma plataforma aberta, acessível a todos, baseada em padrões de código aberto. Essa característica promoverá uma maior transparência na Web 3.0 e uma responsabilização mais efetiva dos seus participantes.
Principais diferenças entre Web3 e Web 3.0
Enquanto Web3 e Web 3.0 podem parecer semelhantes, elas divergem significativamente em suas ênfases principais. Web3 concentra-se predominantemente em descentralização e segurança, apostando em uma estrutura que não depende de uma entidade central. Por outro lado, a Web 3.0 foca em inteligência e conectividade, visando uma internet altamente sofisticada que possibilite interação constante entre diversos aplicativos e serviços, com capacidade de as máquinas entenderem e processarem informações.
As tecnologias subjacentes também diferem entre as duas. Web3 fundamenta-se na tecnologia blockchain, promovendo transações seguras e descentralizadas. Em contraste, a Web 3.0 se baseia em tecnologias de web semântica, utilizando inteligência artificial, aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural para interpretar e responder inteligentemente às consultas e pedidos dos usuários.
Em termos de estágio de desenvolvimento, Web3 ainda está em fase inicial, buscando solidificar suas aplicações práticas. Por outro lado, a Web 3.0 permanece como um conceito em constante pesquisa e desenvolvimento, com esforços voltados para a integração de tecnologias descentralizadas, Internet das Coisas (IoT) e IA, visando criar uma internet mais inteligente e interconectada.
Exemplos de Aplicações Web3
Finanças Descentralizadas (DeFi)
O DeFi representa um sistema financeiro fundamentado na tecnologia blockchain, permitindo aos usuários realizar empréstimos, concessões de crédito, negociações e investimentos em ativos digitais sem a necessidade de uma autoridade central.
Tokens Não Fungíveis (NFTs)
Os NFTs são ativos digitais exclusivos, utilizados frequentemente para representar propriedade de obras de arte digital, colecionáveis e itens em jogos digitais, cada um com sua singularidade e valor próprios.
Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs)
As DAOs são entidades geridas por contratos inteligentes armazenados em blockchain, possibilitando colaboração e tomada de decisões coletivas sem a presença de uma autoridade centralizada.
Exemplos de Aplicações Web 3.0
Assistentes de Voz
Assistentes como Siri, Alexa e Google Assistant exemplificam aplicações da Web 3.0. Eles empregam aprendizado de máquina para entender a linguagem humana e oferecer informações e serviços personalizados aos usuários.
Mecanismos de Personalização
Plataformas como Netflix e Amazon utilizam mecanismos de personalização para recomendar produtos e conteúdos baseados no comportamento anterior dos usuários, empregando algoritmos de aprendizado de máquina para antecipar as preferências dos usuários.
Motores de Busca Semântica
Mecanismos de pesquisa como o Google Search estão evoluindo para compreender melhor o significado por trás das consultas dos usuários, fornecendo resultados de pesquisa mais relevantes e detalhados, graças ao avanço em tecnologias semânticas.
Web 3 e Web 3.0: Discussão sobre a Convergência
No cerne do debate entre Web3 e Web 3.0, reside a questão sobre se esses conceitos, embora distintos em suas propostas iniciais, podem eventualmente se fundir. Alguns especialistas argumentam que uma convergência é plausível, à medida que as tecnologias descentralizadas avançam para maior inteligência, e as aplicações inteligentes adotam características descentralizadas. Por outro lado, há quem sustente que Web3 e Web 3.0 continuarão a seguir caminhos separados, cada um mantendo suas características e forças únicas.
Prever se haverá uma fusão ou a manutenção da distinção entre Web3 e Web 3.0 é desafiador. O desenvolvimento tecnológico é notoriamente difícil de antecipar, sendo influenciado por uma variedade de fatores, como a adoção por parte dos usuários, regulações governamentais e progressos no campo científico. Diante deste cenário, é essencial manter uma perspectiva aberta, reconhecendo as potencialidades de cada um destes conceitos, sem se prender rigidamente a uma única visão do futuro da internet.
Conclusão
Ao explorar o universo da Web3 e Web 3.0, torna-se claro que, embora compartilhem um nome semelhante, representam evoluções distintas na jornada da internet. Web3 emerge como uma força inovadora na descentralização e segurança digital, impulsionada pela tecnologia blockchain. Seu objetivo é remodelar como interagimos com a internet, descentralizando o controle e proporcionando maior segurança e transparência através de contratos inteligentes e distribuição de dados. Em contraste, a Web 3.0, fundamentada em tecnologias semânticas e impulsionada por IA, foca-se em tornar a internet mais inteligente e intuitiva. Sua meta é uma web onde máquinas não apenas compreendam dados, mas também interajam de maneira inteligente e contextual com os usuários.
Essas duas visões para o futuro da internet não são mutuamente exclusivas, mas sim complementares. Enquanto a Web3 oferece uma nova estrutura para a segurança e organização de dados, a Web 3.0 busca aprimorar a forma como esses dados são interpretados e utilizados. Juntas, elas apontam para um futuro digital onde a eficiência, segurança, personalização e inteligência coexistam, redefinindo a experiência online para usuários e desenvolvedores. O desenvolvimento contínuo nessas áreas promete não apenas transformar a infraestrutura da web, mas também influenciar significativamente como vivemos, trabalhamos e nos conectamos no mundo digital.