Nas profundezas paradisíacas das Bahamas, um enredo que parece tirado de um filme financeiro moderno começa a se desenrolar, colocando em xeque a integridade de algumas das figuras mais notórias do universo das criptomoedas. O centro dessa trama envolve Sam Bankman-Fried (SBF), fundador da FTX, agora infamemente ligado a acusações de má conduta financeira e conluio com entidades bancárias e emissoras de stablecoin.
Uma investigação detalhada, alimentada por mais de 7.000 páginas de conversas via Telegram, declarações de insiders como Caroline Ellison, e documentos judiciais emergentes de um processo na Flórida, revela uma teia de relações entre SBF, as Bahamas e Tether, a gigante por trás do popular USDT. A Alameda Research, braço comercial de SBF, é acusada de inflar o valor do Tether através de uma linha de crédito secreta de bilhões de dólares providenciada pelo Deltec Bank, sediado nas Bahamas.
Desde 2018, as empresas de SBF têm aberto contas no Deltec para melhorar o acesso ao Tether, com a Alameda movimentando fundos para a conta do Tether e vice-versa, numa operação que supostamente ajudou a criar bilhões de tokens USDT. Durante o auge das criptomoedas entre 2020 e 2021, essa manobra é dita ter beneficiado a Alameda com oportunidades de arbitragem antes mesmo de os pagamentos pelos tokens serem efetuados.
According to a lawsuit filed in Florida federal court on Friday, Tether's key partner, Bahamas bank Deltec Bank & Trust Ltd, is accused of providing a secret short-term credit line worth billions to SBF's Alameda Research, according to Bloomberg. The filing also said Deltec was…
— Wu Blockchain (@WuBlockchain) February 18, 2024
A trama se complica com alegações de que o Deltec não apenas facilitou a emissão fraudulenta de tokens, mas também ajudou na apropriação indébita de fundos dos clientes da FTX, priorizando as retiradas da exchange em detrimento de outros clientes. Essa relação simbiótica entre a Alameda e o Deltec é exemplificada por um empréstimo de $50 milhões da FTX ao banco em 2021, um movimento que levanta questões sobre a transparência e integridade das operações envolvidas.
Enquanto a Deltec, representada pela advogada Desiree Moore, nega conhecimento prévio da má conduta da FTX e refuta as alegações baseadas em declarações de indivíduos potencialmente comprometidos, a Tether permanece notavelmente silenciosa. Este silêncio de Tether, em meio a um processo que ameaça manchar sua ascensão fulgurante, adiciona uma camada de mistério e especulação sobre o futuro da stablecoin e seu papel no mercado de criptomoedas.
Este cenário não apenas levanta questões sobre a legitimidade das operações entre estas entidades, mas também sobre a robustez dos mecanismos de controle e transparência no ecossistema das criptomoedas.