A primeira semana do julgamento de Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, foi marcada por tensões e revelações surpreendentes. O Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) está construindo um caso sólido, alegando que Bankman-Fried estava envolvido em um esquema para defraudar clientes e investidores através da sua bolsa FTX e do fundo de hedge Alameda Research.
A imagem pública de Bankman-Fried sofreu um duro golpe com documentos e alegações da atual liderança da FTX. A tentativa de “turnê de desculpas” de SBF após o fechamento da FTX não ajudou em sua defesa. Renato Mariotti, observador do caso, comentou que SBF pode ser vítima de seu próprio sucesso.
A defesa de Bankman-Fried, representada pelos advogados da Cohen & Gresser, não teve uma semana fácil. O juiz distrital Lewis Kaplan mostrou-se irritado com as tentativas de interrogatório, chegando a rejeitar a maioria das perguntas feitas pelo advogado de defesa Chris Everdell.
Gary Wang, cofundador da FTX, admitiu em depoimento que a FTX concedeu “privilégios especiais” ao fundo de hedge Alameda Research. Ele também revelou que executivos da FTX e da Alameda cometeram fraudes diversas. Além disso, um ex-desenvolvedor da FTX, Adam Yedidia, mencionou um bug de software que superestimou as participações da Alameda em US$ 8 bilhões.
Fora do tribunal, a biografia de Bankman-Fried, escrita por Michael Lewis, trouxe à tona detalhes intrigantes sobre a trajetória do magnata das criptomoedas. Revelações sobre a gestão de fundos e estratégias de negociação da Alameda Research também foram destaque.
A semana também foi marcada por informações sobre possíveis confiscações de bens de Bankman-Fried, incluindo dois jatos de luxo. Além disso, a biografia de Lewis revelou que SBF alterou o período de bloqueio dos tokens SRM após uma alta em 2021, preocupado com o enriquecimento de seus funcionários.
O júri, composto por profissionais de diversas áreas, tem a difícil tarefa de decidir o destino de Bankman-Fried. Enquanto isso, os promotores dos EUA descreveram o império cripto de SBF como um “castelo de cartas construído sobre uma mentira”.
Os advogados de SBF tentam estabelecer que um erro nos negócios não é necessariamente um crime, enquanto o DOJ argumenta que a falta de regulamentações claras para criptomoedas não é relevante para o caso.