Dólares americanos, uma vez o principal pilar da reserva global, estão sendo descartados em favor de alternativas, acentuando o processo de desdolarização global. De acordo com os estrategistas do JPMorgan, Meera Chandan e Octavia Popescu, essa tendência já se tornou notável.
Em seu relatório recente, Chandan e Popescu observam que a porcentagem do dólar nas reservas cambiais dos bancos centrais caiu para um baixo histórico de 58%. Essa tendência de desdolarização, eles acreditam, é especialmente aparente considerando o aumento das compras de ouro pelos bancos centrais nos últimos cinco anos.
Para colocar em contexto, a proporção de ouro nas reservas subiu de 11% para 15% ao longo de meia década. E parece que o apetite por ouro só está crescendo. O UBS, outra instituição bancária de renome, afirmou no mês passado que os bancos centrais pretendem acumular uma estimativa de 700 toneladas métricas de ouro este ano, avaliadas em cerca de US$ 48,74 bilhões. Essa mudança para o ouro reflete uma busca de refúgio contra a instabilidade geopolítica e a inflação em curso.
Os estrategistas do JPMorgan explicam: “Estamos vendo alguns sinais de desdolarização emergindo”. Eles preveem que essa tendência provavelmente continuará, apesar do dólar americano manter uma presença robusta no assentamento do comércio global. A presença do dólar e do euro no faturamento comercial tem se mantido estável ao longo das últimas décadas, flutuando entre 40% e 50%. Entretanto, a participação do dólar na negociação cambial está quase em seu pico histórico de 88%.
Ao mesmo tempo, o dólar ainda domina os pagamentos SWIFT com 43%. O euro segue com 32%, enquanto o yuan chinês representa apenas 2,3%. Esses dados ressaltam o fato de que, embora o domínio do dólar possa estar diminuindo, ainda tem um longo caminho a percorrer antes de ser deslocado.