O que é o Metaverso?
A trajetória da tecnologia contemporânea evoluiu consideravelmente, passando da simplicidade dos primeiros websites até o estabelecimento de uma comunidade global com a Web2, e agora avançando em direção à Web3 – uma visão futurista da internet que é descentralizada, construída sobre a tecnologia blockchain e utiliza criptomoedas. O metaverso, termo que capturou a atenção do público e representa um conceito inovador, promete transformar o cenário tecnológico, proporcionando às pessoas uma forma mais rica de interação.
Definindo-se como um universo digital tridimensional (3D), o metaverso oferece aos indivíduos uma experiência envolvente que replica o universo físico. Tecnicamente, ele integra diversas tecnologias, incluindo realidade virtual (VR), realidade aumentada (AR), realidade mista (MR) e blockchain, além de incorporar elementos de redes sociais.
O termo metaverso foi originado nos anos 90 pelo autor americano Neal Stephenson em sua obra de ficção científica “Snow Crash”. Na narrativa, o metaverso é apresentado como um espaço virtual futurístico onde os usuários, através de avatares 3D e óculos de realidade virtual, podem comprar e vender propriedades virtuais.
Nos metaversos que utilizam blockchain, é possível para os usuários executarem virtualmente atividades do dia a dia, como aprender, trabalhar, comprar, jogar e se socializar.
Os usos do metaverso abrangem desde aplicações proeminentes em jogos e educação até áreas emergentes como saúde e entretenimento, incluindo concertos musicais virtuais. O metaverso possibilita uma interação contínua e interoperável em um ambiente 3D unificado, permitindo transições suaves entre diferentes meios de comunicação e elevando as experiências a um patamar superior.
No contexto de pandemias, os escritórios virtuais ganharam destaque, possibilitando que os colaboradores trabalhem de maneira remota, porém interativa. O metaverso também apresenta oportunidades para as empresas promoverem seus serviços e produtos de maneira eficaz.
Vantagens do Metaverso
Os benefícios do metaverso derivam de sua infraestrutura tecnológica avançada e se relacionam com seus diversos casos de aplicação. Uma das principais vantagens é a superação das barreiras geográficas, conectando pessoas online e anulando as distâncias físicas através da realidade virtual e uma recriação detalhada do ambiente real. O metaverso cria um espaço igualitário onde todos podem interagir em pé de igualdade.
Além disso, o metaverso promete revolucionar a forma como nos comunicamos. Através dos mundos virtuais tridimensionais e experiências imersivas, a interação social e eventos se tornam significativamente mais atraentes. O metaverso também tem o potencial de expandir o alcance das marcas e das redes sociais para além da Web2, consolidando sua importância no marketing.
Um outro aspecto fundamental do metaverso é o desenvolvimento de uma economia digital autônoma. A economia metaversa pode ser a solução ideal para a troca de ativos digitais que possuem valor econômico real. As criptomoedas e os tokens não fungíveis (NFTs) são essenciais para a tecnologia blockchain, assegurando descentralização, transparência e segurança. Assim, o metaverso estabelece um terreno fértil para inovações em finanças descentralizadas (DeFi), tokenização de conteúdo e jogos baseados na mecânica de jogar para obter ganhos.
Desvantagens do Metaverso
Embora o metaverso traga inúmeras inovações, ele também está sujeito a desafios significativos. Entre esses, destacam-se as atividades ilícitas que ameaçam a segurança digital, como cibercrimes, fraudes, furtos de identidade e ataques por meio de identidades virtuais duplicadas, incluindo o conhecido ataque Sybil.
Relatórios do Fórum Mundial GRC de 2022 indicam que aproximadamente 1 em cada 15 indivíduos é vítima de fraude de identidade, com um aumento notável de casos de roubo de identidade e fraude nos Estados Unidos – de 5 milhões em 2020 para cerca de 6 milhões em 2021. Com um prejuízo médio de 500 dólares por vítima, o custo financeiro desses crimes tem crescido à medida que a dependência digital das pessoas aumenta ano a ano.
Além dos riscos de segurança, outro fator preocupante é a disposição das pessoas em armazenar e compartilhar uma quantidade significativa de informações pessoais e dados sensíveis na internet. Incidentes frequentes de violações de dados em plataformas de mídia social, expondo centenas de milhões de registros de usuários, são um testemunho dessa tendência.
No metaverso, a multiplicidade de avatares 3D e a ausência de processos de moderação adequados complicam a garantia de que as interações ocorram com as pessoas certas, aumentando a dificuldade de estabelecer comunicações autênticas.
A privacidade digital é outra grande preocupação. Em uma era dominada pela Web2, muitos usuários permanecem incertos sobre a coleta e venda de seus dados pessoais. Empresas líderes do setor, como Meta, Microsoft e Google, estão na vanguarda da transição para o metaverso, mas suas histórias pregressas em relação à proteção da privacidade dos usuários continuam a gerar críticas.
Para participar plenamente do metaverso, não basta possuir um computador pessoal; são necessárias ferramentas adicionais como óculos de realidade virtual e dispositivos móveis, o que aumenta os riscos de fraudes e furtos desses dispositivos.
Problemas relacionados à experiência do usuário (UX) também persistem no metaverso. Para usuários leigos ou aqueles que não estão intimamente ligados à tecnologia e às criptomoedas, adentrar no metaverso pode apresentar barreiras significativas. Para que haja uma adoção em massa, é imprescindível que o processo de engajamento no metaverso seja intuitivo e simplificado.
Questões como saúde mental, vícios, abusos sexuais e o distanciamento do mundo físico são preocupações adicionais. O metaverso, ao mimetizar realisticamente um ambiente 3D, pode confundir as fronteiras entre o real e o virtual, propiciando o surgimento de vícios, à medida que os usuários se imergem completamente nesse espaço e perdem a noção do tempo real.
Qual É O Papel Da Biometria No Metaverso?
A biometria representa uma tecnologia crucial para a identificação de indivíduos, baseada na medição e análise estatística de características físicas ou comportamentais únicas. Essa tecnologia abrange métodos como reconhecimento facial, leitura de impressões digitais, análise geométrica das mãos, escaneamento de íris e retina, além de testes de DNA. Atualmente, a biometria avançada é capaz de medir aspectos complexos para a verificação de identidade, incluindo padrões do coração, paladar, veias e odor.
A biometria é considerada uma ferramenta indispensável para a autenticação rápida e confiável de indivíduos, além de ser fundamental para estabelecer uma identidade digital descentralizada (DID). Especialistas preveem que a demanda por verificação de identidade biométrica móvel e integração biométrica remota continuará a crescer devido à globalização e aos desafios impostos pela pandemia, o que contribui para a expansão do mercado biométrico.
Estudos apontam o reconhecimento facial e a digitalização da íris como as técnicas biométricas mais eficazes, destacando a importância da detecção de vivacidade para diferenciar indivíduos reais de falsificações como fotos, deepfakes ou máscaras.
Projetos que utilizam biometria para verificação de identidade
Embora o conceito de um metaverso unificado ainda esteja em desenvolvimento, diversos projetos já estão explorando a implementação da biometria.
O projeto blockchain Humanode, por exemplo, adota um mecanismo de consenso que integra identificação biométrica à criptografia, criando uma estrutura de segurança robusta que inclui detecção de vivacidade e provas de conhecimento zero. Este projeto busca estabelecer um paradigma onde cada humano corresponda a um nó e um voto, oferecendo resistência a ataques Sybil e promovendo modelos de governança inovadores por meio de organizações autônomas descentralizadas (DAOs).
A Humanode utiliza a tecnologia de reconhecimento facial e detecção de vivacidade da FaceTec para assegurar que apenas indivíduos reais e únicos tenham acesso ao metaverso, tudo isso protegido por criptografia avançada e interfaces amigáveis para usuários leigos.
Outro projeto relevante é a Avarta, uma startup que visa criar uma plataforma de identidade adaptável ao metaverso. Seu objetivo é desenvolver um sistema de pontuação de confiança baseado em dados coletados de diversas blockchains, permitindo aos usuários controlar o compartilhamento de suas informações com partes confiáveis. Avarta explora o uso de geofencing e avaliação de dispositivos, introduzindo um inovador sistema de “bloqueio de PIN dinâmico”.
Adicionalmente, a colaboração entre o Instituto de Tecnologia Blockchain (IBCT) e o fornecedor de tecnologia de reconhecimento de íris IriTech culminou na criação do Decentralized Identity Data Hub (DIDH), operando sobre blockchain. Esta iniciativa visa substituir sistemas de segurança tradicionais por autenticação biométrica de íris, especificamente para usuários de carteiras de hardware, proporcionando um meio seguro de recuperação de contas através de varredura de íris, sem os riscos associados a métodos de autenticação baseados em conhecimento.
O Futuro da Autenticação Biométrica Descentralizada
Nas últimas décadas, a biometria alcançou progressos notáveis em termos de precisão e proteção da privacidade. Quando combinada com a tecnologia blockchain, caracterizada por sua descentralização, oferece a promessa de um gerenciamento de identidades no metaverso que é não apenas seguro e privado, mas também simplificado e eficaz. Essa sinergia tem o potencial de revolucionar o gerenciamento de identidades digitais, impulsionando a expansão do metaverso e facilitando a maior adoção das criptomoedas.
Diversos projetos inovadores na fronteira da tecnologia estão dedicando esforços para integrar as capacidades do blockchain com soluções biométricas, visando proporcionar resistência a fraudes e mitigar problemas de identidades virtuais fraudulentas. Com iniciativas pioneiras já em andamento e outras em desenvolvimento, antecipa-se um futuro promissor para a autenticação biométrica descentralizada. Esse avanço, outrora considerado parte do domínio da ficção científica, está aos poucos se tornando uma realidade palpável, sinalizando uma transformação significativa no modo como as identidades digitais são gerenciadas e protegidas.
Conclusão
O papel da biometria no metaverso é fundamental e transformador, prometendo remodelar a maneira como a identidade digital e a segurança são percebidas e gerenciadas. Integrando a precisão e a privacidade avançadas das tecnologias biométricas com a robustez e descentralização do blockchain, a biometria oferece uma solução confiável para o gerenciamento de identidades no vasto e complexo espaço do metaverso. Esta integração não só fortalece a segurança, prevenindo fraudes e ataques cibernéticos, mas também melhora a experiência do usuário, tornando a autenticação mais rápida, fácil e, acima de tudo, segura.
À medida que o metaverso continua a se expandir, a necessidade de métodos de identificação e autenticação que sejam tanto seguros quanto respeitosos com a privacidade do usuário se torna cada vez mais crucial. A biometria, com seu potencial para autenticação única e não transferível, está perfeitamente posicionada para atender a essa necessidade, oferecendo uma maneira de interagir no metaverso que é tão única quanto os próprios usuários. Com o avanço contínuo das tecnologias biométricas e blockchain, podemos esperar um futuro em que o metaverso seja não apenas mais acessível e envolvente, mas também um espaço onde a segurança e a privacidade do usuário sejam prioritárias. Portanto, a biometria desempenha um papel indispensável no desenvolvimento do metaverso, servindo como a chave para desbloquear o pleno potencial deste universo digital em expansão.