Após alcançar um pico histórico de US$ 73.800 há aproximadamente três meses, o Bitcoin (BTC) tem enfrentado dificuldades para revisitar esses níveis altos, encontrando-se num estágio de estagnação em sua trajetória de valorização. Mesmo com uma performance relativamente estável, ficando próximo dos seus recordes anteriores, especialistas indicam que essa é uma pausa comum em um cenário de alta do mercado. Contudo, alertas recentes apontam para fatores macroeconômicos que podem vir a interferir nesse crescimento.
“O Bitcoin ainda está forte, mas os fatores macro são ameaçadores”, disse o analista de criptomoedas Chang ao CoinDesk. Ele comentou que a instabilidade dos rendimentos dos títulos se deve à fraca demanda, especialmente em contraste com a emissão de títulos do Tesouro dos EUA. Segundo ele, se houver uma influência negativa sobre o Bitcoin, será provavelmente por causa dos rendimentos e do índice do dólar.
A volatilidade dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA é impulsionada por múltiplos fatores, como preocupações com a dívida dos EUA, o aumento da oferta de títulos e os rendimentos crescentes dos títulos do governo japonês. Recentemente, o rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos teve um aumento de 24 pontos base, alcançando 4,55%, conforme dados da TradingView. Analistas preveem que rendimentos acima de 4,7% podem trazer volatilidade significativa ao mercado de ações.
Rendimentos mais altos implicam em custos de empréstimos elevados, tornando ativos de maior risco, como Bitcoin e ações de tecnologia, menos atraentes. Chang prevê que a volatilidade dos rendimentos deve persistir até junho, mantendo uma ligação estreita entre o Bitcoin e os mercados de ações. Atualmente, o rendimento do Tesouro de dois anos está perto de 5%, e a expectativa de um retorno de 5% sobre esses títulos pode incentivar os comerciantes a redirecionarem fundos de ações e criptomoedas para investimentos mais seguros.
“Estamos agora num nível de rendimentos de títulos em que o aumento dos rendimentos a partir daqui pesará sobre todas as classes de ativos”, explicou Peter Oppenheimer, chefe de Macro Research da Goldman Sachs, durante uma entrevista à Bloomberg Surveillance.
Os comerciantes estão atentos ao índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE), um indicador crucial para as decisões sobre taxas de juros do Federal Reserve. A divulgação iminente dos dados do PCE, que são fundamentais para medir a inflação, é aguardada com expectativa. Esses dados poderão influenciar diretamente o desempenho do Bitcoin e outros ativos considerados de risco.