As autoridades chinesas em Sichuan e Chongqing desvendaram uma extensa rede de lavagem de dinheiro operando com tether (USDT). Segundo informações divulgadas, cerca de 193 suspeitos foram detidos em uma ação que abrangeu 26 províncias do país. A operação ilegal é suspeita de movimentar aproximadamente 13,8 bilhões de yuans (US$ 1,9 bilhão), utilizando a criptomoeda para contornar as restrições cambiais impostas na China.
Os investigadores destacaram que os indivíduos envolvidos na rede utilizavam o USDT para facilitar transferências financeiras internacionais de forma clandestina, permitindo assim o envio de capitais para fora do território chinês de maneira ilegal. Além de transgredir as leis cambiais, a gangue também está sendo acusada de envolvimento em uma série de outros crimes financeiros e de contrabando.
Durante as batidas policiais realizadas em 2023, as autoridades conseguiram desarticular duas operações centrais da gangue localizadas nas províncias de Fujian e Hunan. Nesses locais, foi possível congelar 149 milhões de yuans (aproximadamente US$ 20,6 milhões) diretamente associados ao esquema de lavagem.
Além das atividades na China, a utilização de USDT estende-se a operações de contrabando internacional, incluindo o tráfico de ouro entre o Nepal e o Tibete. Os criminosos usavam a criptomoeda para pagar contrabandistas que transportavam até 33 kg de ouro para o Nepal, retornando com dinheiro em espécie, almíscar e yarsagumba, um fungo medicinal altamente valorizado.
A complexidade e a amplitude da operação revelam o papel do USDT como um elemento crucial em um “sistema bancário paralelo” utilizado pelo crime organizado, conforme apontado por um relatório das Nações Unidas. Este destaca que, especialmente no Sudeste Asiático, plataformas ilegais de jogos de azar tornaram-se um dos principais meios para a lavagem de dinheiro através de criptomoedas.