Em um mundo onde a tecnologia e a inteligência artificial (IA) revolucionam diversos setores, o campo jurídico não poderia ser exceção. Com o recente lançamento do Pre/Dicta, a dinâmica do litígio civil está prestes a ser remodelada de forma significativa.
O Pre/Dicta, lançado em 2022, utiliza um impressionante conjunto de cerca de 120 pontos de dados para decifrar os padrões e possíveis inclinações nas decisões passadas de juízes. Estes pontos vão desde a instituição de ensino do juiz até o seu patrimônio líquido e relacionamentos com escritórios de advocacia.
Esta inovação não se limita apenas a identificar o histórico do juiz. Ela visa principalmente auxiliar advogados e demandantes a otimizar recursos e estratégias, oferecendo insights sobre potenciais decisões em casos de litígio civil. Entretanto, é importante destacar que o Pre/Dicta não se aventura em prever veredictos em casos criminais ou julgamentos por júri.
Dan Rabinowitz, a mente por trás do Pre/Dicta e ex-advogado do Departamento de Justiça, acredita que seu modelo de IA tem uma taxa de acerto surpreendente de 86% ao antecipar as decisões de juízes, e isso sem sequer analisar os detalhes específicos dos casos em questão.
O que talvez seja mais intrigante é o potencial de transformação que tal ferramenta oferece. Em tempos passados, os demandantes selecionavam estrategicamente os tribunais e juízes, buscando uma decisão favorável – um processo muitas vezes chamado de “compra do fórum judicial”. Agora, com uma ferramenta como o Pre/Dicta, essa escolha pode ser mais científica do que nunca, influenciando não apenas onde os casos são apresentados, mas quais são levados ao tribunal.
E o campo do litígio não é o único a se beneficiar. A indústria de financiamento de litígios comerciais, que movimentou mais de 3,2 bilhões de dólares em 2022 nos EUA, poderá aproveitar esta ferramenta de IA para decidir quais casos são mais propensos a serem bem-sucedidos e, assim, merecedores de financiamento.
A integração da IA no universo jurídico promete reformular muitos dos processos tradicionais e a forma como advogados e assistentes legais conduzem suas pesquisas e tomam decisões. Ainda que Rabinowitz admita que o sistema pode ter um limite de precisão, a verdade é que a tecnologia já está reconfigurando a paisagem legal.