Definição de custo médio ponderado de capital (WACC)
O Custo Médio Ponderada de Custo de Capital (WACC, na sigla em inglês) reflete o custo médio, depois de impostos, do capital de uma companhia oriundo de todas as fontes possíveis, o que inclui ações ordinárias, ações preferenciais, debêntures e outras modalidades de endividamento. Assim, o WACC apresenta a taxa média que uma organização espera arcar para financiar suas operações.
O WACC serve como um instrumento fundamental para determinar a Taxa de Retorno Requerida (RRR), oferecendo uma visão consolidada do retorno que investidores e acionistas demandam para disponibilizar capital à organização. Uma taxa de WACC elevada pode ser um indicativo de que a empresa possui ações com alta volatilidade ou detém dívidas consideradas de alto risco, situando-se, assim, diante da necessidade de oferecer retornos mais atraentes aos seus investidores.
Como funciona o WACC?
O cálculo do WACC é de grande valia tanto para investidores e analistas de mercado quanto para a administração das empresas, servindo a propósitos distintos em cada caso.
No âmbito das finanças corporativas, estabelecer o custo de capital de uma empresa é crucial por várias razões. O WACC pode ser empregado como taxa de desconto para avaliar o valor presente líquido (VPL) de projetos de investimento ou operações de fusão e aquisição.
Se uma corporação projetar que uma fusão proporcionará um retorno acima do seu custo de capital, tal operação tende a ser considerada vantajosa. Contudo, se a expectativa é de um retorno abaixo do desejado pelos investidores, a organização poderá optar por alocar seu capital de maneira mais eficiente.
Para investidores, o WACC constitui um recurso analítico crucial na apreciação da viabilidade financeira de uma empresa. Em geral, um WACC mais baixo sugere um negócio robusto, capaz de captar investimentos a custos mais acessíveis. Em contrapartida, um WACC elevado pode indicar uma percepção de maior risco associado ao negócio, exigindo retornos superiores para compensar os investidores.
No cenário em que uma empresa se financie exclusivamente por meio de uma única fonte, como ações ordinárias, e os investidores esperem um Retorno sobre o Investimento (RoI) de 10%, esse seria o custo do capital próprio da empresa, situando-se, portanto, em 10%.
A mesma lógica aplica-se ao financiamento exclusivamente via dívida. Por exemplo, caso uma organização ofereça um rendimento médio de 5% em suas emissões de debêntures, esse percentual representaria o custo da dívida, equivalendo também ao seu custo de capital.
No entanto, a realidade mostra que as empresas frequentemente recorrem tanto ao endividamento quanto ao capital próprio, em proporções variadas, configurando assim a necessidade de cálculo do WACC.
Fórmula do WACC
A fórmula do WACC é obtida pela ponderação do custo de cada componente do capital da empresa — tanto dívida quanto capital próprio — de acordo com sua respectiva participação no financiamento total, seguido pela adição desses valores ponderados. Dentro dessa equação, o termo E/V representa a fração do financiamento proveniente do capital próprio, enquanto D/V indica a fração oriunda da dívida.
Assim, a equação do WACC é composta por dois elementos principais:
O primeiro termo detalha o custo ponderado do capital próprio; o segundo, o custo ponderado da dívida.
Imagine, por exemplo, que uma companhia capte US$ 1 milhão por meio de dívida e US$ 4 milhões através da emissão de ações ordinárias. Nesse cenário, E/V equivaleria a 0,8 (US$ 4.000.000 divididos por US$ 5.000.000 de capital total), e D/V seria 0,2 (US$ 1.000.000 divididos por US$ 5.000.000 de capital total).
Desvendando os componentes da fórmula
Calcular o custo do capital próprio (Re na equação) pode apresentar desafios, dado que o capital próprio não possui um custo explícito. Enquanto o pagamento aos detentores de dívida segue uma taxa de juros predeterminada, o capital próprio não apresenta um valor fixo a ser reembolsado pela empresa. Portanto, calcula-se o custo do capital próprio estimando a taxa de retorno requerida pelos investidores, baseada na volatilidade esperada do valor das ações.
Considerando que os acionistas antecipam um determinado retorno sobre o investimento, a taxa de retorno que eles exigem representa um custo para a empresa. Caso a organização não atinja esse retorno, há o risco de os acionistas venderem suas participações, o que poderia depreciar tanto o preço das ações quanto o valor da empresa. Assim, o custo do capital próprio reflete o retorno total que a empresa precisa gerar para manter seus investidores satisfeitos.
Frequentemente, o Modelo de Precificação de Ativos de Capital (CAPM) é utilizado para definir o custo do capital próprio, processo este que depende de dados históricos e, por isso, carece de precisão absoluta na previsão de crescimentos futuros.
A determinação do custo da dívida (Rd na fórmula) é relativamente mais direta, calculada através da média do rendimento até o vencimento das dívidas da empresa. Este cálculo é simplificado no caso de companhias abertas, que são obrigadas a divulgar suas obrigações financeiras.
Para empresas privadas, uma abordagem viável consiste em analisar a classificação de crédito atribuída por agências como a Moody’s e a S&P Global, adicionando posteriormente um spread adequado aos ativos considerados livres de risco (a exemplo dos títulos do Tesouro de prazo equivalente), para estimar o retorno exigido pelos investidores.
As despesas com juros são dedutíveis para fins fiscais, o que significa que o custo líquido da dívida para a empresa é o montante pago em juros menos o valor economizado em impostos. É por essa razão que se utiliza o termo Rd x (1 – taxa de imposto corporativo) para apurar o custo da dívida após impostos.
WACC Vs. Taxa de Retorno Exigida (RRR)
A Taxa de Retorno Exigida (RRR) é o rendimento mínimo que um investidor estará disposto a aceitar para investir em um ativo. Caso a expectativa de retorno seja inferior à RRR, o investidor buscará alternativas mais atrativas para aplicar seus recursos.
Para calcular a RRR, uma das abordagens é a aplicação do Modelo de Precificação de Ativos de Capital (CAPM), que considera a volatilidade do preço de uma ação em relação ao mercado como um todo (medido pelo beta) para projetar o retorno demandado pelos acionistas.
O cálculo do WACC também serve como método para estabelecer a RRR, com a vantagem de incorporar a estrutura de capital da empresa, analisando o equilíbrio entre o uso de dívida e de capital próprio no financiamento.
Desafios na Aplicação do WACC
Embora a fórmula do WACC possa parecer simples na teoria, na prática, sua aplicação envolve complexidades. Elementos da fórmula, como o custo do capital próprio, podem variar significativamente, levando a diferentes interpretações e cálculos por parte dos analistas. Portanto, o WACC deve ser utilizado em conjunto com outras métricas de análise para fundamentar decisões de investimento.
A precisão do cálculo do WACC pode ser comprometida em situações como balanços mais intricados, que envolvem múltiplas formas de dívida com diferentes taxas de juros, ou em contextos em que variáveis como taxas de juros e alíquotas fiscais estão sujeitas a flutuações econômicas e de mercado.
Exemplo de uso do WACC
Para ilustrar o uso do WACC, considere a empresa fictícia XYZ Brands, cuja dívida de mercado seja de US$ 1 milhão e a capitalização de mercado (valor do patrimônio) de US$ 4 milhões.
Assumindo que o custo do capital próprio da XYZ — o retorno mínimo exigido pelos acionistas — seja de 10%, a proporção de financiamento via capital próprio (E/V) seria de 0,8 (US$ 4 milhões divididos por US$ 5 milhões de financiamento total), resultando em um custo ponderado do capital próprio de 0,08 (0,8 vezes 10%).
A próxima etapa envolve calcular o custo ponderado da dívida da XYZ. Aqui, a proporção de financiamento via dívida (D/V) é 0,2 (US$ 1 milhão dividido por US$ 5 milhões). Multiplicando essa proporção pelo custo da dívida da empresa, que supomos ser de 5%, e ajustando pelo efeito fiscal — assumindo uma taxa de imposto de 25%, ou seja, “1 menos Tc” igual a 0,75 —, obtemos um custo ponderado da dívida de 0,0075 (0,2 vezes 5% vezes 0,75).
Somando-se o custo ponderado do capital próprio de 0,08 ao custo ponderado da dívida de 0,0075, chega-se a um WACC de 8,75% (0,08 mais 0,0075). Esse valor reflete o custo médio para a XYZ Brands atrair investimentos, bem como o retorno esperado pelos investidores, considerando a saúde financeira da empresa e o risco em comparação com outras opções de investimento.
Conclusão
A análise detalhada do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) oferece um panorama essencial para a compreensão dos custos de financiamento de uma empresa, bem como da expectativa de retorno que deve ser superada para que os investimentos sejam considerados viáveis. O WACC não somente auxilia gestores e investidores na tomada de decisões estratégicas, como também serve de parâmetro para a avaliação da eficiência com que uma empresa emprega o capital disponível.
Entretanto, é fundamental reconhecer as limitações inerentes ao cálculo do WACC, dada a sua dependência de variáveis que podem flutuar significativamente, tais como o custo do capital próprio e a estrutura de capital da empresa. Portanto, o WACC deve ser empregado como uma ferramenta analítica em conjunto com outras métricas financeiras e considerações de mercado, para uma avaliação abrangente do desempenho e risco empresarial.
Além disso, o contexto no qual o WACC é aplicado — incluindo o setor de atuação da empresa, a dinâmica de mercado e as condições econômicas gerais — desempenha um papel crucial na interpretação de seu valor. Por isso, ao comparar o WACC entre diferentes empresas ou setores, é indispensável levar em conta essas nuances para garantir uma análise precisa e relevante.
Perguntas Frequentes
Qual é a definição de um WACC considerado adequado?
Um “adequado” Taxa Média Ponderada de Custo de Capital (WACC) difere significativamente entre as empresas, influenciado por diversos fatores como o estágio de desenvolvimento da empresa (seja uma startup ou uma organização estabelecida), sua composição de capital e o ramo de atividade em que atua. Uma metodologia para avaliar o WACC de uma corporação é compará-lo com a média de seu segmento ou ramo de atividade. Por exemplo, um estudo realizado pela Kroll apontou que, em junho de 2023, o WACC para companhias do segmento de bens de consumo girava em torno de 8,4%, enquanto no setor de tecnologia da informação, a média era de 11,4%.
O que se entende por estrutura de capital?
A estrutura de capital de uma empresa abrange os diferentes modos pelos quais ela pode acessar o capital necessário para suas operações e crescimento, o que inclui a emissão de dívida (títulos) e a oferta de ações (capital próprio). A expressão “estrutura de capital” se refere à proporção entre estas duas fontes de financiamento.
Como se define a relação dívida/patrimônio líquido?
A relação dívida/patrimônio líquido serve como um indicador para avaliar o nível de risco associado ao investimento em uma determinada empresa. Este índice confronta o montante de passivos da organização com o valor do seu patrimônio líquido. Um índice dívida/patrimônio líquido mais elevado geralmente indica que a empresa é considerada mais arriscada por investidores e analistas.