O Que Significa Credit Default Swap?
O Credit Default Swap (CDS) é um instrumento derivativo que possibilita que investidores transfiram ou neutralizem seus riscos de crédito com outros investidores. Através da aquisição de um CDS de um investidor que se disponha a cobrir falhas de pagamento, o credor pode se proteger contra a possibilidade de inadimplência do devedor.
Comumente, os contratos de CDS requerem um pagamento periódico de prêmios, de maneira similar aos prêmios de seguros. Investidores preocupados com a possibilidade de inadimplência de um devedor frequentemente recorrem ao CDS como uma forma de mitigar esse risco.
Como funcionam os Credit Default Swaps (CDSs)?
O Credit Default Swap representa um acordo contratual que desloca a exposição ao risco de crédito associada a produtos de renda fixa, como títulos ou dívidas securitizadas. Imagine, por exemplo, uma empresa que emite um título de US$ 100 com vencimento de dez anos para um investidor, comprometendo-se a reembolsar o capital ao final do período, além de realizar pagamentos de juros durante a vigência do título.
Nessa situação, há a incerteza de que o emissor possa cumprir com os pagamentos acordados, transferindo assim o risco para o investidor. A aquisição de um CDS permite ao comprador do título transferir esse risco a um terceiro, que assumirá os pagamentos no caso de inadimplência do emissor.
Devido aos longos períodos de vencimento de muitas dívidas, como hipotecas de 30 anos, é desafiador para os investidores avaliar o risco envolvido. Os CDSs são, portanto, utilizados como uma estratégia eficaz para gerenciamento de riscos. O comprador do CDS efetua pagamentos ao vendedor até a data de vencimento do contrato. Em contrapartida, o vendedor compromete-se a cobrir o valor do título e os juros que seriam devidos até a data de vencimento, caso ocorra um evento de crédito.
Eventos de crédito
Eventos de crédito consistem em condições específicas que ativam a execução do contrato de CDS. Esses eventos são definidos no momento da celebração do contrato e incluem:
- Inadimplência da entidade de referência por motivos distintos da falta de pagamento: Situações onde a entidade emissora torna-se inadimplente por razões que não envolvem a não realização de pagamentos.
- Falta de pagamento: Ocorrência onde a entidade de referência não realiza os pagamentos devidos.
Aceleração da obrigação: Circunstâncias onde o emissor tem a necessidade de antecipar pagamentos de dívidas. - Repúdio: Controvérsias relacionadas à validade do contrato.
- Moratória: Suspensão temporária do contrato até que as questões que motivaram tal suspensão sejam resolvidas.
- Reestruturação de obrigações: Processos nos quais os empréstimos subjacentes são modificados.
Intervenção governamental: Medidas governamentais que impactam diretamente o contrato.
Termos de um Credit Default Swap (CDS)
Quando se adquire um CDS para funcionar como seguro sobre um investimento, não é obrigatório que o mesmo cubra a totalidade da vida útil do investimento. Por exemplo, considere um investidor que possui um título com prazo de 10 anos, e após dois anos, percebe potenciais problemas de crédito do emissor. Esse investidor pode optar por adquirir um CDS de cinco anos, oferecendo proteção até o sétimo ano, período em que ele prevê a diminuição dos riscos.
Modalidades de liquidação
Após um evento de crédito, o CDS pode ser liquidado de duas maneiras: fisicamente ou financeiramente. Na liquidação física, que foi historicamente o método mais comum, o vendedor recebe o título real do comprador. Por outro lado, a liquidação financeira, que se tornou mais frequente com a evolução dos CDS de ferramentas de cobertura para instrumentos de especulação, envolve o pagamento pelo vendedor ao comprador dos prejuízos calculados.
Utilização dos Credit Default Swaps
Os CDS são utilizados como uma espécie de seguro contra eventos de crédito em ativos subjacentes, servindo para diversos propósitos.
Especulação
Dado que os CDS são negociados em exchanges de criptomoedas e apresentam valores de mercado variáveis, os negociantes podem lucrar com as oscilações de preço. Investidores frequentemente compram e vendem esses instrumentos, buscando capitalizar sobre as diferenças de valor.
Cobertura
O próprio Credit Default Swap é uma ferramenta de hedge. Instituições como bancos podem adquirir CDS para protegerem-se contra o risco de não cumprimento de pagamentos por parte dos mutuários. Seguradoras, fundos de pensão e outros detentores de títulos também podem usar CDS para mitigar o risco de crédito.
Arbitragem
A arbitragem envolve a compra de um ativo em um mercado e a venda em outro, explorando diferenças de preço para obter lucro. Os CDS podem ser usados em estratégias de arbitragem, onde um investidor adquire uma dívida em um mercado e simultaneamente compra um CDS para a mesma entidade de referência no mercado de CDS.
A Grande Recessão
Durante a crise que antecedeu a Grande Recessão, os CDS tiveram um papel crucial. Entidades como o American International Group (AIG), Bear Sterns e Lehman Brothers emitiram CDS para oferecer proteção contra perdas em hipotecas que foram securitizadas e transformadas em títulos garantidos por hipotecas (MBS). Os CDS funcionavam como um seguro contra o não pagamento das hipotecas, proporcionando aos investidores uma falsa sensação de segurança quanto ao risco de perda.
Com a concessão indiscriminada de hipotecas e a escalada dos preços dos imóveis, os bancos de investimento e os investidores imobiliários lucraram significativamente. Os CDS permitiram a criação de instrumentos sintéticos de dívida garantida, essencialmente apostas nos preços de títulos hipotecários securitizados. A queda dos preços dos imóveis levou ao colapso dessa estrutura, quando as grandes instituições financeiras se viram incapazes de honrar suas obrigações, devendo mais do que possuíam.
Crise da Dívida Soberana Europeia
Durante a crise da dívida soberana europeia, os Credit Default Swaps (CDS) tiveram um papel significativo. Investidores adquiriram dívida soberana da Grécia por meio de obrigações soberanas para auxiliar o país na captação de recursos. Além disso, esses investidores compraram CDS para proteger seus investimentos em caso de default do país.
Países como Portugal, Irlanda, Itália, Chipre e Espanha estiveram à beira de um colapso financeiro durante esse período.
Vantagens e Desvantagens dos CDS
Vantagens
- Redução de Risco para os Credores: Os credores podem adquirir CDS como uma forma de seguro, que serve para protegê-los e transferir o risco para o emissor.
- Independência de Ativos Subjacentes: Não é necessário possuir ativos de renda fixa subjacentes para se engajar em CDS.
- Distribuição de Risco pelos Vendedores: Os vendedores de CDS podem transferir o risco de default e diversificar seus riscos ao vender múltiplos swaps.
Desvantagens
- Falsa Sensação de Segurança: O “seguro” proporcionado pelos CDS pode levar credores e investidores a subestimar o risco envolvido.
- Negociação em Mercado de Balcão: Os CDS, ao serem negociados em mercados OTC, estão expostos a riscos adicionais.
- Riscos para o Vendedor: O vendedor de um CDS assume o risco significativo de inadimplência do mutuário.
Conclusão
Os Credit Default Swaps (CDS) são instrumentos financeiros complexos que desempenham um papel vital tanto na gestão de riscos quanto na especulação de mercado. Eles oferecem uma forma de seguro contra o default de um ativo subjacente, possibilitando que investidores e instituições financeiras mitigem potenciais perdas. Apesar de suas vantagens, como a transferência de risco e a independência de ativos subjacentes, os CDS também apresentam desafios significativos, incluindo a possibilidade de uma falsa sensação de segurança e a complexidade de sua negociação em mercados de balcão.
O uso prudente dos CDS exige uma compreensão detalhada de suas implicações legais e de mercado, bem como um monitoramento constante das condições econômicas globais. Como demonstrado durante a crise da dívida soberana europeia e outros eventos financeiros significativos, a influência dos CDS pode ser profunda, afetando não apenas os mercados financeiros, mas também a economia real. Portanto, tanto reguladores quanto participantes do mercado devem proceder com cautela, garantindo que a utilização desses derivativos contribua para a estabilidade financeira e não para a criação de novos riscos sistêmicos.
Perguntas Frequentes
O que desencadeia um Credit Default Swap?
O fornecedor do CDS é obrigado a compensar o comprador do swap caso o ativo subjacente, normalmente um empréstimo, sofra um evento de crédito.
Um Credit Default Swap é legal?
Os Credit Default Swaps são legais e estão sob a regulamentação da Securities and Exchange Commission (SEC) e da Commodity Futures Trading Commission (CFTC), conforme estabelecido pela Lei Dodd-Frank.
Quais são os benefícios dos Credit Default Swaps?
Os principais benefícios dos CDS incluem a cobertura de riscos e a especulação. Para a cobertura de riscos, os investidores adquirem CDS como uma forma de seguro para proteger obrigações financeiras, como títulos garantidos por hipotecas, contra o não pagamento. Já na especulação, os investidores utilizam os CDS para apostar na qualidade de crédito da entidade de referência, assumindo o risco em troca de prêmios.