O que é utilitarismo?
O utilitarismo é uma abordagem na teoria moral que defende a promoção da felicidade ou do prazer, ao mesmo tempo em que se opõe às ações que resultam em tristeza ou prejuízo. Essa filosofia, quando aplicada à tomada de decisões sociais, econômicas ou políticas, visa o aprimoramento da sociedade como um todo.
Essa corrente filosófica postula que uma ação é considerada correta se contribuir para a felicidade da maioria das pessoas em uma sociedade ou grupo.
Como funciona o utilitarismo?
O utilitarismo, uma tradição na filosofia ética, é associado principalmente a Jeremy Bentham (1747-1832) e John Stuart Mill (1806-1873). Esses dois pensadores britânicos do século XVIII e XIX propuseram que uma ação é correta se tende a fomentar a felicidade e errada se tende a gerar tristeza, não apenas para quem a executa, mas para todos os afetados por ela.
No ambiente de trabalho, o utilitarismo é demonstrado quando se tomam medidas para assegurar que o escritório seja um ambiente positivo para os colegas, contribuindo assim para o bem-estar coletivo.
Os três princípios fundamentais do utilitarismo são:
1. O prazer, ou felicidade, possui valor intrínseco, o que significa que é considerado bom por si só. Isso se contrapõe ao valor instrumental, que se refere a algo valorizado como meio para alcançar um fim.
2. As ações são corretas se promovem a felicidade e erradas se promovem a infelicidade. Este princípio pode ser polêmico, pois sugere que a qualidade moral de uma ação é determinada pelo impacto de suas consequências. Mesmo que uma ação produza benefícios para a maioria, o utilitarismo não considera os motivos subjacentes, o que pode ser contestado, já que muitos argumentam que a qualidade moral de uma ação também depende das intenções de quem a realiza.
3. A felicidade de cada indivíduo possui igual importância. Esse princípio de igualdade, que foi considerado radical e progressista no tempo de Bentham, desafiava a noção então prevalente de que algumas vidas e felicidades eram mais importantes que outras. O princípio de igualdade defendido por Bentham exige que governos desenvolvam políticas que beneficiem todos de maneira equânime, não favorecendo apenas as elites.
Dos fundadores do utilitarismo
Jeremy Bentham delineou seu “princípio da maior felicidade” em sua obra de 1789, *Introdução aos Princípios de Moral e Legislação*, afirmando: “A natureza submeteu a humanidade ao domínio de dois senhores soberanos, a dor e o prazer. Eles indicam o que devemos fazer, assim como determinam o que faremos.”
John Stuart Mill, anos após refletir sobre as ideias de Jeremy Bentham, publicou *Utilitarismo* em 1863. A passagem chave desse livro define o credo utilitarista: as ações são corretas na medida em que tendem a promover a felicidade e erradas na medida em que produzem o contrário da felicidade. Aqui, a felicidade é entendida como o prazer e a ausência de dor, e a infelicidade como dor e privação de prazer.
A relevância do utilitarismo em uma economia política
Ao longo dos séculos, em democracias liberais, as ideias originais do utilitarismo evoluíram e foram expandidas. Questões pertinentes incluem: o que constitui “o maior bem”? Como a felicidade é definida? E como a justiça é incorporada?
Nas democracias ocidentais contemporâneas, os formuladores de políticas tendem a apoiar mercados livres com uma dose moderada de intervenção governamental na vida privada dos cidadãos para garantir segurança e proteção. O debate sobre o nível adequado de regulamentação é contínuo, mas, em geral, as políticas econômicas e políticas visam maximizar o bem-estar para o maior número de pessoas. Quando políticas utilitaristas resultam em desigualdade de renda ou outras consequências adversas para grupos desfavorecidos, a maioria dos políticos busca soluções para essas questões.
Em negócios e comércio
O utilitarismo propõe que a escolha mais ética é aquela que gera o maior bem para o maior número. Portanto, é frequentemente o fundamento moral que justifica decisões extremas, como o uso de força militar. No mundo dos negócios, essa abordagem é prevalente devido à maneira como pondera custos e benefícios.
Existem dois tipos principais de ética utilitarista no ambiente corporativo: o utilitarismo de regras, que busca beneficiar o maior número de pessoas pelos meios mais justos; e o utilitarismo de atos, que permite ações éticas que beneficiam a comunidade.
No ambiente corporativo
Muitas empresas mantêm um código de ética, formal ou informal, que reflete a cultura corporativa, valores e leis locais. Atualmente, é essencial ter um código de ética empresarial bem definido para sustentar o crescimento corporativo, mantendo uma reputação de responsabilidade social. As empresas devem se esforçar para honrar seus compromissos e valorizar a ética tanto quanto os lucros. Consumidores e colaboradores valorizam empresas que demonstram integridade e um forte compromisso ético.
No nível individual, tomar decisões corretas moralmente no local de trabalho eleva a felicidade geral. Por outro lado, escolhas moralmente questionáveis, mesmo que legais, podem diminuir a própria felicidade e a dos colegas.
Ética Utilitarista
Ética Utilitarista de “Regra”
No contexto empresarial, um exemplo de utilitarismo de regras pode ser observado na prática de preços diferenciados para diferentes categorias de clientes. No setor aéreo, por exemplo, é comum que os aviões disponibilizem assentos em classes diferentes, como primeira classe, classe executiva e classe econômica. Os passageiros da primeira classe e da classe executiva pagam preços significativamente mais altos e, em troca, desfrutam de mais comodidades. Paralelamente, aqueles que optam pela classe econômica se beneficiam de tarifas mais acessíveis. Esta estratégia visa atender às necessidades de diferentes grupos de consumidores, maximizando o bem-estar geral.
A companhia aérea também se beneficia dessa estratégia, pois a receita gerada pelos assentos mais caros na classe alta compensa os custos dos assentos mais acessíveis na classe econômica.
Ética Utilitarista de “Ato”
Um exemplo de utilitarismo de ato pode ser visto quando empresas farmacêuticas lançam medicamentos aprovados por órgãos reguladores, apesar de terem efeitos colaterais menores conhecidos. A decisão de comercializar o medicamento baseia-se na premissa de que ele beneficiará mais pessoas do que aquelas que poderão sofrer com os efeitos adversos, ilustrando o conceito de que “os fins justificam os meios”.
Utilitarismo Quantitativo Vs. Utilitarismo Qualitativo
O utilitarismo quantitativo, desenvolvido a partir das ideias de Jeremy Bentham, enfoca a maximização da felicidade geral, adotando uma abordagem hedonista para avaliar a correção das ações. Bentham articulou o princípio de que “a maior felicidade do maior número é a medida do certo e do errado”.
Em contraste, o utilitarismo qualitativo, oriundo das contribuições de John Stuart Mill, avalia os prazeres e as dores de maneira mais qualitativa, levando em consideração a natureza de suas consequências, e desconsidera medidas quantitativas de seu valor.
As Limitações do Utilitarismo
Aplicar a ética utilitarista no ambiente de trabalho pode ser desafiador. Essa abordagem também encontra dificuldades na cultura empresarial de economias capitalistas, onde frequentemente se incentiva o foco no auto-interesse em detrimento dos demais. Da mesma forma, em mercados altamente competitivos, empresas podem prosperar às custas de outras.
Uma das críticas ao utilitarismo é a sua tendência a simplificar a moralidade em termos absolutos de certo ou errado, sem espaço para nuances. Além disso, o utilitarismo enfrenta desafios ao tentar prever as consequências futuras das ações, o que gera incertezas sobre seus resultados. A dificuldade em considerar valores como justiça e direitos individuais também é uma limitação significativa. Por exemplo, numa situação hipotética em que uma única pessoa saudável em um hospital poderia salvar várias vidas através da doação de órgãos, a ética utilitarista poderia justificar tal ação, apesar de ser amplamente considerada inaceitável e antiética.
Portanto, apesar de o utilitarismo oferecer uma abordagem racional para determinar o certo e o errado, suas limitações são claras e significativas.
Conclusão
O utilitarismo, como teoria ética, oferece um quadro pragmático e consequencialista para a tomada de decisões, defendendo que as ações são moralmente corretas se promovem a maior felicidade para o maior número de pessoas. Embora essa filosofia tenha sido amplamente influente e adotada em diversos campos, desde políticas públicas até práticas empresariais, não está isenta de críticas e desafios.
Na prática, o utilitarismo enfrenta dilemas éticos, especialmente quando os interesses de minorias ou a justiça individual são desconsiderados em favor do bem-estar coletivo. Além disso, a aplicação desta ética em contextos corporativos pode inadvertidamente promover comportamentos que favorecem a competitividade e a ganância, contradizendo o próprio objetivo de maximizar o bem comum.
Perguntas Frequentes
Quais são os princípios do utilitarismo?
O utilitarismo baseia-se no princípio de que ações virtuosas são aquelas que contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas, ampliando os aspectos positivos e reduzindo os negativos do mundo. Isso implica em promover prazer e felicidade, enquanto se evita o desconforto e a infelicidade.
O que é um utilitarista?
Um utilitarista é alguém que adota as premissas do utilitarismo como guia de conduta. Na sociedade contemporânea, esses indivíduos são frequentemente vistos como práticos e calculistas, e por vezes podem ser percebidos como frios ou até egoístas, particularmente quando parecem buscar seu próprio benefício em detrimento do bem-estar coletivo.
O que é o utilitarismo de regras?
Os adeptos do utilitarismo de regras enfocam os resultados de comportamentos que seguem determinadas normas ou diretrizes morais, tais como a “regra de ouro”, os Dez Mandamentos ou legislações que proíbem atos como o assassinato. Uma ação é considerada moral se estiver em conformidade com uma regra estabelecida. Uma regra é tida como moral se a sua aplicação resultar em um maior bem-estar geral do que a ausência ou a aplicação de outra regra.
O que é valor utilitário no comportamento do consumidor?
Quando um consumidor adquire um produto ou serviço baseado exclusivamente em seu valor prático, fazendo uma avaliação calculista e racional, isso é descrito como valor utilitário. Este tipo de valor exclui considerações emocionais ou sentimentais, bem como vieses psicológicos ou outros fatores subjetivos.
Qual é o papel do utilitarismo no ambiente de negócios atual?
No cenário corporativo contemporâneo, onde se valoriza o princípio de maximizar o bem para o maior número possível de pessoas, o utilitarismo encoraja as empresas a aumentar o bem-estar coletivo. No entanto, na prática, essa abordagem pode, por vezes, incentivar a competição acirrada e a ganância, o que pode ter o efeito adverso de comprometer o bem social.