O que são Contratos Futuros?
Contratos futuros representam compromissos financeiros que estipulam a obrigatoriedade de compra ou venda de um determinado ativo em um momento e preço previamente acordados. Isso implica que o adquirente é obrigado a efetuar a compra, enquanto o vendedor deve proceder com a venda do ativo base ao preço estabelecido, independentemente das variações de mercado, na data estipulada para o vencimento. Negociados em mercados organizados, como a Bolsa Mercantil de Chicago, os ativos base destes contratos podem variar amplamente, englobando desde commodities físicas até títulos financeiros e eventos específicos, como alterações em índices de preços e fenômenos climáticos.
Este documento foca nos contratos futuros cujos ativos base são valores mobiliários. Estes contratos determinam-se pelo valor futuro de ações específicas de empresas ou de índices de mercado de ações, tais como S&P 500, Dow Jones Industrial Average ou Nasdaq.
Entendendo os Contratos Futuros
Contratos futuros são ferramentas que permitem a fixação do preço de um ativo base para uma data futura, com vencimentos e preços estipulados de forma antecipada. No mercado de ações, os contratos futuros possuem datas de vencimento que são categorizadas mensalmente.
Existem períodos de vencimento padronizados para estes contratos, sendo que a gama de opções varia conforme o contrato específico. Geralmente, adotam-se ciclos trimestrais de expiração, por exemplo, contratos de índices importantes como o S&P 500 podem vencer em março, junho, setembro e dezembro.
O contrato mais próximo da sua data de vencimento é conhecido como o “contrato do mês corrente”, e é típico que este tenha o maior volume de negociações. Com a aproximação do vencimento, traders interessados em manter suas posições tendem a transferir suas atividades para o contrato do próximo mês disponível. A proximidade do vencimento é um fator crítico, pois afeta diretamente as estratégias de negociação e a liquidez do mercado. Enquanto traders de curto prazo podem preferir operar com contratos mensais, investidores de longo prazo tendem a focar em períodos mais distantes.
Os contratos futuros podem ter uma variedade de ativos base, incluindo, mas não se limitando a:
- Futuros de commodities, com commodities como petróleo bruto, gás natural, milho e trigo como ativos base.
- Futuros de criptomoedas, que acompanham os movimentos de preços de Bitcoin, Ethereum, entre outros.
- Futuros cambiais, focados em moedas como o euro e a libra esterlina.
- Futuros de energia, abrangendo ativos como petróleo bruto, gás natural, gasolina e óleo de aquecimento.
- Futuros de ações, baseados em ações individuais ou conjuntos de ações no mercado.
- Futuros de taxas de juros, que especulam ou protegem contra mudanças futuras nas taxas de juros de títulos do Tesouro e outros títulos.
- Futuros de metais preciosos, como ouro e prata.
- Futuros de índices de ações, com ativos base como o índice S&P 500.
É fundamental diferenciar entre opções e futuros. As opções do tipo americano concedem ao portador o direito (mas não a obrigação) de comprar ou vender o ativo base a qualquer momento antes da data de vencimento. As opções europeias limitam o exercício desse direito ao dia de vencimento, sem imposição de obrigatoriedade.
Por outro lado, o comprador de um contrato futuro é compelido a assumir o ativo base, seja ele ações ou equivalente financeiro, na data de vencimento, com a possibilidade de vender sua posição em qualquer momento anterior ao vencimento, desobrigando-se assim de futuras responsabilidades.
Como funcionam os Contratos Futuros?
Contratos futuros são compromissos formais que determinam que o comprador adquira, e a parte vendedora disponibilize, determinada ação ou um conjunto de ações de um índice em um momento e por um valor estabelecidos previamente. Estes acordos são uniformizados em termos de quantidade, qualidade, e procedimento de entrega do ativo, facilitando assim a sua negociação em mercados de futuros.
Antes da instituição dos contratos futuros, os contratos a termo eram a norma. Eles são similares aos futuros em função, porém não contam com a garantia de uma câmara de compensação de uma bolsa e podem ser moldados conforme as exigências das partes envolvidas.
A padronização contribui significantemente para a transparência do mercado, promovendo uma maior liquidez e contribuindo para a formação mais precisa dos preços. Detalhes cruciais de um contrato futuro englobam o tipo de ativo (ações ou outros instrumentos financeiros), a quantia envolvida, o preço estipulado, e a data programada para entrega. Essas informações são vitais para que os investidores possam avaliar os riscos e os retornos potenciais, informando suas estratégias de investimento.
Considere, por exemplo, a expectativa de que o índice S&P 500, refletindo o desempenho de 500 grandes empresas listadas em bolsas nos Estados Unidos, venha a aumentar no decorrer dos próximos seis meses. Optando pela compra de um contrato futuro vinculado ao índice S&P 500, compromete-se a adquirir ações do índice a um valor predeterminado em uma data futura, por exemplo, em seis meses. Caso o índice valorize, o preço do contrato futuro também cresce, permitindo a venda do contrato por um lucro antes do seu vencimento. Inversamente, uma queda no índice implica em potenciais perdas, a menos que o contrato seja utilizado como forma de proteção para uma carteira de ações existente, ou haja uma prorrogação do contrato visando uma eventual recuperação de valor.
Ao vender futuros, a lógica é inversa. Prever a queda de uma ação específica e vender um contrato futuro correspondente permite, se a previsão se confirmar, recomprar o contrato a um valor inferior, lucrando com a diferença.
Quanto à liquidação de um contrato futuro, o procedimento varia conforme o ativo subjacente. Enquanto contratos futuros atrelados a commodities como petróleo, ouro ou trigo normalmente se resolvem por entrega física, aqueles baseados em ações e índices de ações tendem a ser liquidados em dinheiro, evitando a transferência física do instrumento financeiro e refletindo apenas a diferença entre o valor contratado e o valor de mercado no momento da liquidação.
Cotnratos Futuros e Alavancagem
A negociação de contratos futuros frequentemente incorpora o uso de alavancagem. Essa característica permite que os operadores não precisem desembolsar o valor total do contrato para iniciar uma negociação. Ao invés disso, uma margem inicial, representando apenas uma fração do valor total do contrato, é requerida pelo corretor.
Contratos Futuros na Estratégia de Especulação
Contratos futuros possibilitam aos investidores especular sobre a direção futura dos preços dos ativos. Caso um investidor adquira um contrato futuro e o preço do ativo em questão se eleve acima do valor estipulado no contrato até o momento do vencimento, haverá um ganho. Para realizar o lucro antes do vencimento, o investidor pode vender o contrato pelo preço de mercado atual, encerrando assim a posição aberta.
Quando o ativo subjacente envolve ações ou índices, a diferença de preço é ajustada em dinheiro na conta do investidor na corretora, sem que haja transferência física do ativo. Entretanto, há o risco de prejuízo caso o preço do ativo se posicione abaixo do valor acordado no contrato futuro.
Exemplo De Especulação com Contratos Futuros
Imagine o interesse em negociar contratos futuros no índice S&P 500, atualmente cotado a 5.000 pontos, e o contrato para entrega em três meses é cotado pelo mesmo valor. Cada contrato equivale a US$ 50 multiplicados pelo índice, resultando em um valor contratual de US$ 250.000 (5.000 pontos × US$ 50). Diferentemente de uma aquisição direta de ações do S&P 500 nesse montante, que exigiria o capital integral de antemão, a negociação de futuros requer apenas um depósito de margem, que é uma fração do valor total do contrato. Supondo que a margem inicial seja de 10% do valor do contrato, seriam necessários apenas US$ 25.000 (10% de US$ 250.000) para efetivar o contrato futuro.
Investidores também podem adotar posições especulativas vendidas, antecipando a queda do preço do ativo subjacente. Se o preço declinar, o investidor fechará o contrato com uma posição oposta, e o ajuste da diferença será realizado no vencimento do contrato. Lucros ocorrem se o preço do ativo subjacente estiver abaixo do preço contratado, enquanto prejuízos surgem se o preço de mercado for superior.
É crucial entender que a negociação com margem possibilita controlar uma posição muito maior do que o saldo disponível na conta da corretora, amplificando tanto potenciais ganhos quanto perdas.
Retomando o exemplo anterior, se o índice sofrer uma redução de 10% para 4.500 pontos, o valor do contrato futuro declinará para US$ 225.000 (4.500 pontos × US$ 50). Isso resultaria em um prejuízo de US$ 25.000, equivalente à perda total da margem inicial, ilustrando o elevado risco associado ao uso de alavancagem em futuros.
Utilização de Contratos Futuros para Proteção (Hedge)
A principal aplicação dos contratos futuros é para proteção contra variações adversas de preço dos ativos subjacentes.
Nesse contexto, o propósito é minimizar perdas potenciais causadas por movimentos desfavoráveis de preço, ao invés de buscar lucros por especulação. Empresas que recorrem à estratégia de hedge frequentemente são consumidoras (como companhias aéreas com o combustível de aviação) ou produtoras (como mineradoras de ouro e metais) do ativo subjacente. Contratos a termo, predecessores dos contratos futuros, são utilizados há séculos por agricultores que buscam proteção contra a possível depreciação dos preços de suas colheitas.
Dessa forma, podem fixar um preço de venda para seu trigo antecipadamente por meio de contratos futuros. Ao proceder assim, os agricultores reduzem a incerteza e asseguram um preço predeterminado para seus produtos. Caso o preço do trigo diminua, o ganho obtido com o hedge compensará as perdas geradas pela venda do produto a preços de mercado inferiores, estabilizando efetivamente um preço satisfatório para o produtor.
Exemplo de Proteção (Hedge) com Contratos Futuros
A aplicação de contratos futuros como mecanismo de proteção pode ser exemplificada no contexto de uma carteira de investimentos vinculada a um índice do mercado de ações, como o S&P 500. Imagine um gestor de um fundo mútuo responsável por uma carteira com valor de US$ 100 milhões, que espelha o desempenho do S&P 500. Diante da previsão de volatilidade do mercado em curto prazo devido a novos dados econômicos e tensões geopolíticas, o gestor opta por proteger a carteira contra uma potencial queda utilizando contratos futuros do S&P 500.
Considerando que o S&P 500 esteja cotado a 5.000 pontos, cada contrato futuro relacionado ao índice utiliza um multiplicador específico, por exemplo, US$ 250 por ponto do índice. A fim de realizar uma cobertura proporcional de um para um com a carteira, e sabendo que um contrato futuro cobre 5.000 pontos × US$ 250 = US$ 1.250.000, seria necessário um total aproximado de 80 contratos futuros para proteger uma carteira de US$ 100 milhões, calculado pela divisão do valor da carteira pelo valor abrangido por contrato.
Neste cenário, duas situações podem ocorrer:
O índice S&P 500 sofre uma queda de 10%, confirmando as preocupações do gestor. Isso resultaria em um declínio para 4.500 pontos, implicando em uma possível perda de 10% ou US$ 10 milhões no valor da carteira, já que esta reflete o índice. No entanto, os contratos futuros, ao serem vendidos antecipadamente, valorizariam, proporcionando um ganho que neutralizaria essa perda. O lucro obtido por contrato seria de 5.000 – 4.500 pontos × US$ 250 = US$ 125.000. Com 80 contratos, o ganho total seria US$ 10 milhões, compensando a depreciação da carteira.
Contrariando as expectativas, o índice S&P 500 valoriza-se. Tal aumento implicaria em um acréscimo no valor da carteira, mas este ganho seria parcialmente anulado pela perda na posição em futuros. Este resultado é considerado satisfatório, visto que a intenção primordial era salvaguardar o fundo contra uma desvalorização, assegurando a proteção do patrimônio do fundo mútuo e das economias destinadas à aposentadoria dos investidores.
Prós e Contras da Negociação de Contratos Futuros
Prós
- Possibilidade de lucros significativos por meio da especulação;
- Instrumentos eficazes para estratégias de hedge;
- Facilitam o comércio alavancado.
Contras
- Riscos ampliados pela alavancagem;
- Potencial de não aproveitar movimentos de preços favoráveis ao realizar hedge;
- Uso de margem pode representar um risco elevado.
Contratos futuros de ações possuem tanto vantagens quanto desvantagens que demandam análise minuciosa antes de sua execução. Uma vantagem notável é a capacidade de alavancar investimentos. Com a alocação de apenas uma porção do valor total do contrato, conhecida como margem, junto à corretora, é possível amplificar os retornos potenciais. Essa alavancagem pode resultar em lucros expressivos a partir de variações modestas no preço do ativo subjacente.
Além disso, os contratos futuros desempenham papel crucial na proteção contra a volatilidade dos preços, permitindo que empresas planejem seus orçamentos e protejam lucros futuros diante de variações de preço desfavoráveis.
Contudo, esses contratos não estão isentos de desvantagens. Há o risco de perdas que excedam a margem inicial por causa da alavancagem aplicada aos futuros. Ademais, ao utilizar contratos futuros como mecanismo de proteção, pode-se perder oportunidades caso os preços ascendam e a estratégia de hedge mostre-se desnecessária.
Conclusão
Ao explorar o universo dos contratos futuros, particularmente aqueles vinculados a ações e índices de mercado, investidores se deparam com uma ferramenta de dupla face, capaz de tanto alavancar significativamente os retornos quanto de introduzir um risco proporcionalmente elevado. A alavancagem, enquanto atrativo central dessa modalidade de investimento, exige uma compreensão aprofundada e uma gestão de risco meticulosa. Por outro lado, a capacidade de proteção (hedge) contra volatilidades de mercado apresenta aos investidores uma maneira eficaz de salvaguardar seus portfólios contra movimentos adversos de preço, assegurando uma maior previsibilidade nos resultados financeiros.
A escolha entre futuros e outras formas de derivativos, como opções, deve ser guiada por uma análise criteriosa dos objetivos de investimento, da tolerância ao risco e da capacidade de responder às rápidas mudanças do mercado. Enquanto os futuros oferecem oportunidades de ganhos amplificados pela alavancagem, as opções fornecem uma flexibilidade que limita potenciais perdas, tornando-as um veículo preferencial para estratégias de investimento conservadoras.
Mantendo um contrato futuro até seu vencimento, os investidores devem estar preparados para as implicações dessa decisão, seja liquidando em dinheiro ou, em casos mais raros, aceitando a entrega física do ativo subjacente. Este aspecto sublinha a importância da estratégia e do planejamento antecipado na negociação de futuros.
Perguntas Frequentes
Por que negociar futuros ao invés de ações?
Optar por futuros ao invés de ações traz o benefício da alavancagem elevada, possibilitando o controle de uma grande quantidade de ativos com um capital reduzido. Entretanto, isso implica em riscos aumentados. Os mercados de futuros, operando quase ininterruptamente, oferecem a flexibilidade para negociações fora do expediente convencional, permitindo uma reação ágil a eventos globais.
Qual é mais lucrativo, futuros ou opções?
A lucratividade de futuros em comparação com opções varia significativamente conforme a estratégia e tolerância ao risco do investidor. Futuros, por oferecerem alavancagem maior, podem ser mais rentáveis quando as previsões se concretizam, mas carregam riscos proporcionalmente mais altos. Opções, por outro lado, apresentam menor potencial de lucro mas garantem o limite de perdas possíveis, pois não obrigam o investidor a executar o contrato.
O que ocorre ao manter um contrato futuro até o vencimento?
Quando ações são o ativo subjacente, manter um contrato futuro até o vencimento resulta na liquidação em dinheiro da posição. Ou seja, o investidor efetuará um pagamento ou receberá uma quantia em dinheiro, conforme a valorização ou desvalorização do ativo subjacente ao longo do período de investimento.
Em certos casos, porém, contratos futuros exigem a entrega física do ativo. Nessa situação, o investidor que mantiver o contrato até o vencimento terá de receber o ativo subjacente especificado no contrato.