- Circuit breaker na bolsa japonesa após alta do BoJ
- Impacto global das decisões econômicas dos EUA e Japão
- Quedas históricas remetem ao desastre de Fukushima
A Bolsa do Japão enfrentou uma forte queda pela terceira vez consecutiva, acionando um circuit breaker devido a uma combinação de fatores adversos que abalaram a confiança dos investidores. A valorização recente do iene e o aumento das taxas de juros pelo Banco do Japão (BoJ) já pressionavam o mercado, mas a adição de dados fracos de emprego nos EUA exacerbou a tensão, com repercussões significativas em todo o mercado global.
Por volta das (22h BRT/ 01h UTC) de domingo, o índice Nikkei despencou 6%, sendo forçado a interromper as negociações. O impacto foi severo particularmente nas ações do Mitsubishi UFJ, o maior banco do Japão, que sofreu uma queda dramática de mais de 21%. Essa tendência negativa não se restringiu ao Japão; os futuros americanos também sentiram o impacto, refletindo a interconexão dos mercados globais.
No início das negociações matinais em Tóquio, os índices Topix e Nikkei 225 registraram quedas de mais de 7%, acumulando perdas que ultrapassaram 20% nos últimos dias. Essa é a pior série de baixas desde o tsunami de 2011 e o subsequente desastre nuclear em Fukushima, destacando a extensão da atual crise financeira.
Desde a decisão do BoJ de elevar as taxas de juros em 31 de julho, todos os 33 grupos industriais sofreram perdas. A valorização do iene, embora favorável em alguns contextos, projetou uma sombra sobre as perspectivas de lucros para os exportadores japoneses. Surpreendentemente, até setores que geralmente se beneficiariam de taxas de juros mais altas, como seguradoras e bancos, figuram entre os maiores perdedores.
A situação nos Estados Unidos também contribuiu para o clima de incerteza. A economia americana mostrou sinais de enfraquecimento, com Wall Street caindo na sexta-feira após a divulgação de que as folhas de pagamento não agrícolas tiveram um acréscimo de apenas 114.000 empregos, um dos resultados mais fracos desde a pandemia. “A taxa de desemprego subiu inesperadamente pelo quarto mês consecutivo, para 4,3%, desencadeando um indicador de recessão amplamente observado,” refletiu um analista do mercado.
O desinteresse dos investidores estrangeiros, que antes impulsionavam a ascensão do mercado, agora se manifesta em uma venda líquida substancial de ações e futuros japoneses. Na semana que terminou em 26 de julho, as vendas alcançaram ¥1,56 trilhões (US$ 10,7 bilhões), com o Topix experimentando sua maior queda em quatro anos, mais de 5%.