- Bitcoin pode seguir o ouro e atingir um novo recorde.
- Analistas divergem entre um novo topo ou possível correção.
- Investidores institucionais seguem aumentando exposição ao Bitcoin.
Nos últimos meses, o mercado financeiro tem acompanhado de perto os movimentos do ouro e do Bitcoin, dois ativos frequentemente comparados por suas características de reserva de valor. Com o ouro atingindo sucessivos recordes históricos e ultrapassando os US$ 2.900 por onça troy, investidores e analistas especulam se o Bitcoin seguirá um caminho semelhante e poderá, em breve, alcançar um novo pico de valorização.
No momento da publicação, o preço do Bitcoin estava cotado em US$ 95.579,78 com queda de 2% nas últimas 24 horas.
Ao longo dos anos, Bitcoin e ouro têm demonstrado uma forte correlação, especialmente em períodos de incerteza econômica. Ambos os ativos são vistos como uma alternativa aos sistemas financeiros tradicionais e uma proteção contra a desvalorização das moedas fiduciárias.
No entanto, em janeiro e fevereiro de 2025, essa relação parece ter se descolado temporariamente. Enquanto o ouro seguiu sua trajetória ascendente impulsionado pela demanda institucional e tensões macroeconômicas globais, o Bitcoin oscilou entre US$ 91.000 e US$ 105.000, sem conseguir romper sua máxima histórica anterior.
Esse descolamento levanta uma questão entre os analistas: o Bitcoin está apenas passando por um período de acumulação antes de retomar sua alta ou os investidores estão, temporariamente, preferindo o ouro como ativo de proteção?
Para muitos traders e analistas, a trajetória do ouro é um indicativo de que o Bitcoin pode estar prestes a atingir um novo recorde histórico nas próximas semanas. O analista Daink, por exemplo, destaca que sempre que o ouro se distancia do Bitcoin em ciclos de alta, o criptoativo tende a “buscar” o mesmo patamar logo em seguida.
Key Notes
– Gold making new ATHs forming HHs and HLs
– $BTC range bounding between 91k – 105kEach time Gold displaces away from BTC, BTC plays catch up as highlighted in black circles pic.twitter.com/IcrxJINCIf
— Daink (@TraderDaink) February 10, 2025
Essa tese se baseia no histórico de 2022 e 2023, quando o ouro atingiu novas máximas antes do Bitcoin, que só retomou sua trajetória de alta alguns meses depois. Se o padrão se repetir, a expectativa é de que o BTC possa ultrapassar os US$ 110.000 em breve, entrando novamente em price discovery.
O investidor e analista conhecido como Carbon compartilha dessa visão, argumentando que “o Bitcoin tende a replicar os movimentos do ouro com um pequeno atraso”. Para ele, a recente alta do metal precioso pode ser um prenúncio de que o Bitcoin está prestes a registrar novos recordes.
Apesar do otimismo de alguns traders, outros especialistas alertam que o Bitcoin pode já ter atingido um topo de curto prazo. Juan Correa, da BCA Research, que desde 2023 vinha recomendando a compra de Bitcoin, agora sugere cautela.
Segundo Correa, o mercado cripto apresenta sinais clássicos de euforia, como a explosão dos memecoins e a entrada massiva de capital em ETFs de Bitcoin. “A alta especulação do varejo e os recordes de entradas nos ETFs de Bitcoin indicam um excesso de otimismo, o que historicamente tem sido um sinal de alerta”, afirmou o analista em um relatório recente.
Além disso, ele destaca um cenário macroeconômico menos favorável para os ativos de risco nos próximos meses. Entre os fatores que podem pesar contra o Bitcoin, Correa cita a possibilidade de uma política fiscal mais restritiva nos Estados Unidos, um crescimento econômico moderado e a inflação em queda, o que pode reduzir o apetite por ativos especulativos.
Whales have recently realized nearly $800 million in #Bitcoin $BTC profits! pic.twitter.com/D8bvqRf6W5
— Ali (@ali_charts) February 11, 2025
BCA Research também vê um nível de preço em torno de US$ 75.000 como uma zona interessante para reentrada, sugerindo que o BTC pode corrigir antes de buscar novas máximas.
Outro ponto central no debate é o impacto do interesse institucional no Bitcoin. Grandes fundos e empresas como a MicroStrategy continuam acumulando BTC, reforçando sua narrativa como uma reserva de valor digital. A inclusão da empresa no índice Nasdaq 100 reforça o argumento de que o Bitcoin está se tornando um ativo de interesse de longo prazo para investidores institucionais.
No entanto, Mike McGlone, estrategista da Bloomberg Intelligence, levanta um ponto de atenção: a volatilidade do mercado de ações. Segundo ele, o índice VIX, que mede a volatilidade do mercado acionário, está se estabilizando em um nível baixo, o que historicamente favorece o ouro em detrimento do Bitcoin. “O Bitcoin pode ter atingido um pico próximo aos US$ 100.000, sugerindo que os ativos de risco estão perdendo fôlego, enquanto o ouro se beneficia desse cenário”, afirmou McGlone.
Bottoming VIX Might Favor Gold vs. Bitcoin, Beta – #Bitcoin may have peaked at about $100,000, suggesting that risk assets are rolling over with buoyancy implications for #gold. Or is the rapidly rising digital asset just pausing at this threshold? A key gauge that augurs… pic.twitter.com/QfoiIBjJQy
— Mike McGlone (@mikemcglone11) February 11, 2025
Esse argumento sugere que, se a volatilidade do mercado tradicional aumentar, o ouro pode continuar sendo o principal beneficiário desse movimento, enquanto o Bitcoin pode enfrentar dificuldades para manter seu ritmo de valorização.
A incerteza sobre a trajetória do Bitcoin reflete as diferentes projeções feitas por instituições financeiras e analistas. Enquanto a Galaxy Research projeta que o BTC pode alcançar US$ 185.000 até o final do ano, VanEck e Standard Chartered estimam um patamar entre US$ 180.000 e US$ 200.000. Por outro lado, a BCA Research alerta para a possibilidade de uma correção até US$ 75.000 antes de qualquer nova alta.
O debate sobre o futuro do Bitcoin continua intenso, mas uma coisa é certa: com o ouro renovando suas máximas e o mercado cripto em ebulição, as próximas semanas serão cruciais para determinar se o BTC seguirá a trajetória do metal precioso ou entrará em uma fase de consolidação antes de sua próxima grande movimentação.