O Bitcoin Argentina, uma ONG destacada no cenário de criptomoedas, apresentou um projeto de lei inovador, com o objetivo de regular o mercado de criptomoedas. Essa proposta, revelada por Ricardo Mihura, presidente da organização, durante a LABITCONF 2023 em Buenos Aires, é uma virada significativa na postura da entidade que antes resistia à ideia de regulamentação. A nova proposta, enfatizando a preservação da descentralização e a proteção do público, marca um momento importante para o mercado de criptomoedas na Argentina.
Ricardo Mihura, em seu pronunciamento, destacou a mudança de abordagem da organização: “Sempre rejeitamos as tentativas de regular a criptoeconomia, mas desta vez nos propusemos a dar uma resposta positiva, com apenas dois propósitos: preservar a descentralização e proteger a poupança e a confiança pública”. Essa declaração reflete uma nova perspectiva sobre a necessidade de regulamentação, especialmente no combate a atividades fraudulentas sob a fachada da blockchain.
O projeto propõe um quadro jurídico focado na categorização de plataformas e serviços de criptomoeda em três grupos, com base nos direitos de propriedade: descentralizados, centralizados localmente e centralizados globalmente. Para as categorias centralizadas, a proposta sugere a operação livre, mas com proteção jurídica robusta aos clientes, garantindo direitos de compensação em caso de falhas. Interessante notar que, sob esta regulamentação, falhas em plataformas descentralizadas não seriam objeto de intervenção do judiciário argentino, cabendo aos tribunais determinar o status de descentralização.
Mihura argumentou contra a proibição total das criptomoedas, destacando a ineficácia dessa abordagem devido à natureza global da blockchain. “Nem mesmo os Estados Unidos podem proibir efetivamente a operação da criptoeconomia não licenciada… A Argentina não tem possibilidade de proibir seus residentes de operar em ambientes globais”, afirmou. A proposta, portanto, foca em oferecer proteção jurídica aos cidadãos e responsabilizar aqueles que se beneficiam de esquemas fraudulentos.
Este movimento da Bitcoin Argentina ocorre em um contexto crítico, antecedendo o segundo turno das eleições presidenciais da Argentina, e em meio a uma crise inflacionária severa, com a Argentina registrando uma das maiores taxas de inflação do mundo. O cenário atual reforça a relevância da discussão sobre criptomoedas e a necessidade de uma regulamentação equilibrada que respeite a natureza descentralizada da tecnologia, ao mesmo tempo em que protege os investidores.