O credor de criptomoedas Celsius, que declarou falência em 2022, entrou recentemente com uma ação judicial contra a Tether, emissora da maior stablecoin do mercado USDT. Na ação, a Celsius acusou a Tether de apropriação indébita de ativos. A falida empresa solicitou no processo o pagamento de mais de US$ 3,5 bilhões da Tether.
O processo foi arquivado em 9 de agosto. A Celsius busca com a ação bilhões de dólares em devoluções de Bitcoin, danos e honorários advocatícios. Conforme o documento, o credor solicita que a empresa pague um reembolso de 39.542 BTC que utilizou como garantia para empréstimos que tomou da emissora.
Em 2022, a Tether teria solicitado mais garantias da Celsius no intuito de cobrir os empréstimos, incluindo um adicional de US$ 300 milhões em USDT alguns meses antes do pedido de falência da empresa no mês de julho. Em sua argumentação, o credor falido destacou que atendeu a solicitação de garantia adicional, transferindo mais bitcoins como garantia em algumas ocasiões entre os meses de maio e junho daquele ano.
No documento, a Celsius afirmou que a emissora do USDT acabou liquidando a garantia a um valor que o beneficiou de forma injusta sem permitir que a empresa pudesse fornecer a garantia adicional.
“Se a Celsius tivesse tido a oportunidade de atender à demanda colateral — o que ela tinha o direito contratual de fazer — ela poderia ter evitado a disposição de seu Bitcoin perto do fundo do mercado de criptomoedas. Em vez disso, essa disposição foi realizada para o benefício de apenas um credor: Tether”, diz parte do documento.
A ação destaca o pedido da Celsius para que o tribunal determine que a Tether abra mão dos 15.658,21 BTC, 2.228,01 BTC e 39.542,42 BTC que foram transferidos pelo credor. O montante equivale a estas transferências é de 57.428,64 BTC, ou seja aproximadamente US$ 3,5 bilhões.
Tether considera ação uma “extorsão”
Ao se posicionar sobre o assunto, a Tether rebateu as alegações do credor e negou ter cometido qualquer irregularidade contra a Celsius, chamando seu processo recente de “infundado”.
“Este processo infundado contra a Tether prova o ditado de que “nenhuma boa ação fica impune”. As alegações surgem de um acordo de 2022 sob o qual a Tether disponibilizou USD₮ para a Celsius, em quantias que a Celsius solicitou na época. Sob o acordo, a Celsius postou bitcoin (BTC) para a Tether como garantia. Como o preço do BTC começou a cair em junho de 2022, o acordo exigiu que a Celsius postasse garantias adicionais para evitar a liquidação de seu BTC. Quando a Celsius optou por não postar BTC adicional, ela instruiu a Tether a liquidar a garantia BTC que a Tether detinha para fechar sua posição de aproximadamente 815 milhões de USD₮ com a Tether”.
Para a Tether, o credor falido Celsius está falhando em sua ação para conseguir reconhecer a validade clara do acordo entre as partes que foi firmado mais de dois anos antes de sua falência. “Em vez de reconhecer a validade clara do acordo firmado anos antes da falência da Celsius, este processo busca impor indevidamente os custos da má gestão e falha da Celsius à Tether”.