Hoje, a Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos provavelmente manterá as taxas de juro no seu ponto mais alto dos últimos 23 anos. Apesar da manutenção, a comunidade financeira estará especialmente atenta aos indícios sobre o futuro das políticas monetárias e a possível redução das taxas. Jerome Powell, presidente do Fed, deverá reafirmar em sua coletiva de imprensa que não há pressa em modificar a política atual, devido à persistência da inflação acima das expectativas para 2024.
Segundo Powell, a postura de manter as taxas elevadas por mais tempo é necessária para garantir uma redução sustentável da inflação para a meta de 2% estipulada pelo banco central. “Dada a força do mercado de trabalho e o progresso na inflação até agora, é apropriado permitir que a política restritiva tenha mais tempo para funcionar e deixar que os dados e a evolução das perspectivas nos guiem”, afirmou Powell no dia 16 de abril.
Este posicionamento vem após uma revisão das expectativas de mercado, que agora prevê apenas um corte nas taxas para 2024, uma significativa redução em relação aos três cortes previamente antecipados. Essa mudança de cenário foi influenciada pelas leituras consecutivas da inflação que superaram as previsões nos últimos três meses, tanto no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) quanto no Índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), este último sendo o preferido do Fed.
Dennis Lockhart, ex-presidente do Fed de Atlanta, em entrevista ao Yahoo Finance Live, destacou a delicada posição de Powell: “Ele quase tem que ser um tanto evasivo porque a questão dos cortes nas taxas e o momento dos cortes nas taxas e até mesmo a questão de um aumento nas taxas estão no ar no momento”, e acrescentou, “Ele simplesmente não pode ser definitivo sobre qualquer caminho ou política específica.”
A decisão política do Fed será anunciada às 14h ET (18h UTC – 15h BRT), seguida pela conferência de imprensa de Powell às 14h30 ET. Nesse contexto, muitos analistas preveem que Powell poderá favorecer uma narrativa de flexibilização futura das taxas, sem, contudo, comprometer-se com prazos, especialmente se a inflação não mostrar sinais de arrefecimento.