O que é Cardano (ADA)?
O projeto Cardano se destaca como uma estrutura blockchain de código aberto, impulsionada pelo uso de criptomoedas, primordialmente destinadas ao suporte de aplicativos descentralizados (DApps) e sistemas operacionais distribuídos em escala global. A iniciativa para criar o ecossistema Cardano surgiu em 2015, sob a liderança de Charles Hoskinson, um dos co-criadores do Ethereum.
Diferentemente do Bitcoin, que tem seu início marcado por um whitepaper bem delineado, Cardano emergiu sem um documento fundador que estabelecesse claramente seus objetivos no universo das criptomoedas. Hoskinson, visando superar as limitações observadas em outros sistemas de criptos, propôs o desenvolvimento de um ecossistema estratificado, destinado a aprimorar as funcionalidades e a segurança.
Para alcançar tal feito, Hoskinson, em colaboração com equipes no Japão e na Suíça, estabeleceu três organizações fundamentais: a Fundação Cardano, Input Output (IOHK) e Emurgo. Estas entidades concentram-se no desenvolvimento e na evolução contínua de um ecossistema blockchain, que se baseia em um modelo de prova de participação delegada e um protocolo de consenso sem custódia.
As quatro camadas do blockchain Cardano
O ecossistema Cardano destaca-se por ser uma arquitetura blockchain de terceira geração, fundamentada em uma versão avançada do modelo de saída de transação não gasta (UTXO). Esse modelo não só aprimora a estrutura transacional do Bitcoin, mas também incorpora características do sistema de contabilidade do Ethereum, ampliando suas funcionalidades.
Este blockchain é estruturado em quatro camadas distintas, operando de forma integrada através de nós interconectados. O nó Cardano atua como um elemento central na produção de blocos e como ponto de acesso primário à rede, sendo composto por diversos componentes interligados:
A camada de liquidação: Constitui a base do blockchain, estabelecendo as regras de funcionamento e a governança do sistema. É nesta camada que os fundamentos para a construção de todos os demais elementos são estabelecidos.
A camada de consenso: Implementa os protocolos de consenso do conjunto Ouroboros, baseados em proof of stake (PoS). Essa camada é essencial para assegurar e otimizar a segurança e eficiência do sistema, reduzindo significativamente o consumo de energia em comparação aos métodos de proof of work.
A camada de rede: Opera como uma infraestrutura de rede ponto a ponto, proporcionando uma base sólida para protocolos que facilitam a comunicação eficiente, a multiplexação e oferecem proteção robusta contra entidades mal-intencionadas.
A camada de script: Conhecida também como Plutus, esta linguagem de script especializada habilita a implementação e execução de contratos inteligentes, enriquecendo a rede com capacidades expansivas e adaptativas.
Roteiro Cardano: Explorando as cinco eras
O desenvolvimento do ecossistema Cardano é delineado através de um plano estratégico dividido em cinco fases distintas, cada uma caracterizada por um conjunto específico de implementações e melhorias. Essas fases, conhecidas como eras, são denominadas Byron, Shelley, Goguen, Basho e Voltaire.
Byron – Fundação
Durante os anos iniciais de 2015 a 2017, a era Byron marcou o lançamento inicial do blockchain Cardano e a introdução da criptomoeda ADA. Nomeado em homenagem a Ada Lovelace, uma pioneira da computação, o token ADA simboliza os alicerces tecnológicos e comunitários estabelecidos nesta fase. Neste período, as carteiras Daedalus e Yoroi foram lançadas pelas entidades IOHK e Emurgo, respectivamente, proporcionando meios oficiais para o armazenamento e gestão de ADA. Além disso, Byron foi crucial para a formação de uma base sólida de comunidade e para a distribuição equitativa de ADA, pavimentando o caminho para futuros avanços tecnológicos.
Shelley – Descentralização
A era Shelley foca na maturação e expansão do ecossistema Cardano, com um esforço concentrado na descentralização da rede. Embora inicialmente federada, a transição para Shelley entre 2020 e 2021 marcou o movimento em direção a uma produção de blocos inteiramente gerida por stakepools da comunidade. Esta fase se destacou pelo aprimoramento da segurança e resiliência da rede através da participação ativa dos membros da comunidade, além da implementação de um sistema de recompensas e staking. Diferentemente de outros sistemas PoS, o staking em Cardano permite que os tokens ADA permaneçam na custódia do proprietário, proporcionando liquidez e segurança. O protocolo de consenso Ouroboros, sem mecanismos de corte e baseado em teoria dos jogos, assegura um ambiente equitativo e eficiente para todos os participantes.
Com o avanço da Shelley, novas carteiras foram integradas ao ecossistema, enriquecendo a experiência do usuário com funcionalidades adaptadas a DApps, NFTs e outras necessidades específicas. Entre essas carteiras, destacam-se Eternl, focada em DApps; Nami, especializada em NFTs; AdaLite, conhecida por sua delegação multi-pool; e Typhoon, que oferece compatibilidade aprimorada com hardware.
Goguen – Contratos Inteligentes
A era Goguen simboliza uma evolução significativa na blockchain Cardano ao incorporar contratos inteligentes e DApps. Desenvolvendo-se simultaneamente à era Shelley, esta fase enfoca a implementação de Plutus, uma linguagem e ambiente exclusivo para a criação e execução de contratos inteligentes robustos na rede Cardano. Plutus oferece aos desenvolvedores as ferramentas necessárias para construir soluções descentralizadas eficientes e seguras.
Durante Goguen, surge também Marlowe, uma linguagem de domínio específico (DSL) voltada para contratos financeiros. Baseada em Plutus, Marlowe destaca-se por seu editor visual que permite a construção de lógica de contrato de forma intuitiva e sem a necessidade de codificação profunda. A era se caracteriza igualmente pela introdução de um sistema de ledger multimoeda, que proporciona a criação e gerenciamento de tokens fungíveis e não fungíveis (NFTs) dentro da própria camada de protocolo de Cardano, garantindo segurança e integridade ao nível do token ADA.
Basho – Dimensionamento
Focada no aperfeiçoamento da performance da rede Cardano, a era Basho visa aprimorar aspectos vitais como operabilidade, escalabilidade e eficiência. A introdução de sidechains e a adoção de técnicas como pipelining de cabeçalho de bloco são centrais nesta fase, expandindo as possibilidades e capacidades da rede sem comprometer sua estabilidade ou segurança. Sidechains funcionam como uma forma de fragmentação, aliviando a carga da cadeia principal e possibilitando a implementação e teste de novas funcionalidades de forma segura e eficaz.
Voltaire – Governança
A era Voltaire representa o apogeu do roteiro de Cardano, marcando a transição para uma governança totalmente autônoma e comunitária. Esta fase introduz sistemas robustos de votação e tesouraria, permitindo que os participantes da rede proponham, votem e financiem melhorias e atualizações no protocolo. Com isso, uma porção dos custos de transação e recompensas de stake são destinadas ao financiamento contínuo de projetos e desenvolvimentos sugeridos pela comunidade.
Ao concluir esta etapa, a rede Cardano atinge um patamar de descentralização e autonomia sem precedentes, operando independentemente das entidades originais de pesquisa e desenvolvimento como a IOHK. A comunidade passa a ser a principal responsável pela evolução contínua da rede, assegurada pela robustez, segurança e o consenso descentralizado estabelecidos desde as fundações do projeto.
ADA: O token de criptomoeda nativo de Cardano
O ADA constitui o token nativo da blockchain Cardano, operando dentro de sua camada de liquidação. Com um fornecimento total fixo em 45 bilhões de tokens, o ADA foi projetado para ser cunhado gradualmente, conferindo-lhe um caráter deflacionário até que a maior parte seja colocada em circulação, evento previsto para começar por volta de 2030. Esse limite assegura escassez e potencial valorização ao longo do tempo.
O token ADA, semelhante a outras criptomoedas renomadas como o Bitcoin, pode ser convertido em moedas fiduciárias e mantido em diversas carteiras digitais. As carteiras nativas de Cardano, Daedalus e Yoroi, além de outras carteiras de terceiros, oferecem suporte para o armazenamento e transferência de ADA. Para assegurar a custódia dos tokens, os usuários podem optar por armazenamento em carteiras quentes ou frias, dependendo das necessidades de segurança e acessibilidade.
O ADA foi criado para ser um meio seguro de transferência de valor, operando sobre o conjunto de protocolos de consenso Ouroboros, caracterizado pelo modelo de proof of stake. Adicionalmente, o blockchain de Cardano tem a capacidade de suportar outras criptomoedas, NFTs, contratos inteligentes e DApps, demonstrando sua versatilidade e potencial de expansão.
Casos de uso do token de criptomoeda ADA
A ADA se beneficia do suporte de uma comunidade ativa de investidores e desenvolvedores, e sua aceitação como meio de pagamento vem crescendo. Transações peer-to-peer (P2P), onde os tokens ADA são transferidos diretamente entre carteiras de usuários, representam o formato mais comum de utilização. Com o aumento da popularidade, empresas têm integrado soluções de pagamento com ADA, permitindo que consumidores realizem compras utilizando o token.
As taxas para transações em Cardano giram em torno de 0,19 ADA por operação, valor determinado por uma taxa fixa mais um adicional baseado no tamanho da transação. A natureza do design eUTXO de Cardano permite que uma transação englobe múltiplos endereços de entrada e saída, abarcando ADA, tokens nativos, metadados e contratos inteligentes.
Os usuários de Cardano podem também obter ADA participando na validação de transações na rede, um processo conhecido como Staking. Isso envolve a delegação das participações em ADA para um pool de staking de maneira não custodial e líquida. As participações acumuladas são então utilizadas pelos operadores dos nós para validar e confirmar transações de maneira eficiente e segura.
As recompensas de staking em ADA são determinadas previamente e variam conforme cada pool. Antes de se comprometer com um pool específico, é recomendado que os usuários realizem pesquisas para otimizar seus rendimentos. Importante ressaltar que em nenhum momento durante o processo de staking o operador do pool tem acesso ou controle sobre os tokens ADA delegados. Além disso, a distribuição das recompensas de staking é automatizada e ocorre periodicamente pelo protocolo Ouroboros, garantindo transparência e segurança no processo.
Onde comprar Cardano (ADA)?
Indivíduos interessados em converter moeda fiduciária em criptomoedas podem recorrer a plataformas de exchange centralizadas, como Coinbase, Kraken, Bittrex ou Binance para adquirir Cardano (ADA). Adicionalmente, diversas exchanges descentralizadas também estão disponibilizando ADA. É importante considerar as taxas de transação e os métodos de pagamento disponíveis ao selecionar uma exchange.
Após escolher a exchange e o método de pagamento, os usuários podem realizar a compra de ADA na quantidade desejada. Uma vez realizada a compra, é essencial decidir o método de armazenamento para os tokens ADA, optando entre carteiras quentes ou frias, a fim de proteger os ativos digitais.
Como minerar Cardano (ADA)?
Diferente de outras criptomoedas, a Cardano utiliza um sistema de proof of stake, o que significa que sua criptomoeda nativa, ADA, não é minerável. Entretanto, os detentores de ADA podem participar do processo de staking para acumular mais tokens. Para iniciar o staking de ADA, é necessário utilizar uma das carteiras oficiais, como Daedalus ou Yoroi, para armazenar os tokens adquiridos.
O processo de staking envolve selecionar um pool de staking na seção de delegação da carteira e concordar com as taxas associadas. Uma vez realizada a transação, os ativos começam a ser staked no pool escolhido após a verificação da transação. Os usuários também têm a opção de gerenciar seu próprio pool de staking, contribuindo assim para a robustez e eficiência do protocolo Ouroboros e da rede Cardano.
O futuro da Fundação Cardano
A Fundação Cardano se beneficia do suporte de uma vibrante comunidade de desenvolvedores focada em promover a infraestrutura digital pública e posicionar a plataforma como uma ferramenta essencial para sistemas financeiros e sociais. O suporte e desenvolvimento contínuo por parte das entidades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) são cruciais para a construção de soluções financeiras baseadas em casos reais de uso, potencializando a valorização e adoção da ADA.
As sidechains do Cardano permitem aos desenvolvedores construir e experimentar aplicações baseadas em diferentes estruturas e modelos de consenso, não restritos apenas ao ecossistema nativo de Cardano. Até o momento atual do seu roteiro, a ADA já demonstrou um desempenho significativo em termos de valorização de preço e capitalização de mercado, superando muitas outras criptomoedas.
Conclusão
Cardano (ADA) é uma plataforma de blockchain inovadora que se destaca por sua estrutura única dividida em quatro camadas principais: a camada de liquidação, a camada de computação, a camada de governança e a camada de tesouraria. Essa estrutura modular permite uma flexibilidade, segurança e escalabilidade notáveis, visando resolver problemas comuns em outras blockchains.
A camada de liquidação é onde as transações de ADA são realizadas e registradas. É a base de toda a rede, assegurando que as transferências de valor sejam rápidas e seguras. A camada de computação, por sua vez, é onde os contratos inteligentes e as aplicações descentralizadas são executados, permitindo uma vasta gama de funcionalidades e serviços.
A camada de governança é um componente crucial que diferencia Cardano, introduzindo um sistema de votação e propostas para que a comunidade possa participar ativamente nas decisões futuras da rede. Isso garante que a plataforma permaneça adaptável e atualizada com as necessidades e desejos dos usuários. Por fim, a camada de tesouraria gerencia os recursos financeiros da rede, financiando projetos e iniciativas que beneficiam o ecossistema de Cardano como um todo.