Em meio à incerteza global e a ansiedade por uma possível desaceleração econômica, os mercados sentiram um choque particular na última quarta-feira.
A razão? O rebaixamento inesperado da dívida do governo dos EUA pela Fitch Ratings. A decisão levou a um recuo rápido de ativos mais arriscados e fez os futuros do Nasdaq 100 caírem 0,8%.
A queda marcou uma pausa brusca para um mercado que registrou um crescimento impressionante de 44% em 2023. Não foram apenas os mercados americanos que sentiram o impacto. Perdas generalizadas na Europa puxaram todos os grupos da indústria no índice regional de referência para o vermelho.
O rebaixamento de AAA para AA+ criticou o crescente déficit fiscal dos EUA e a “erosão da governança”. Embora esse movimento represente uma dose extra de risco, muitos analistas argumentam que não deverá afetar o status de alto nível dos ativos dos EUA a longo prazo.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, permaneceu firme, afirmando que os títulos do Tesouro continuam sendo “o ativo mais seguro e líquido do mundo”. Esta afirmação ajudou a manter a estabilidade dos títulos do Tesouro, apesar das turbulências do mercado.
Entretanto, analistas como Alexandre Baradez, da IG Markets em Paris, sugerem que a tendência de queda não está necessariamente ligada ao rebaixamento da Fitch, mas ao risco crescente de desaceleração econômica. Dados recentemente decepcionantes da China e dos EUA reforçam essa teoria.
A história oferece alguma perspectiva. Um evento similar em 2011, quando a S&P Global Ratings removeu a classificação mais alta dos EUA após uma crise anterior de teto da dívida, inicialmente desencadeou uma liquidação, mas os investidores voltaram em busca de refúgio nos títulos do Tesouro.
Mark Haefele, diretor de investimentos da UBS Global Wealth, acredita que a demanda por refúgio seguro poderá também, contra-intuitivamente, apoiar os Tesouros no curto prazo. Os rendimentos do Tesouro ficaram estáveis, enquanto os futuros do S&P 500 caíram cerca de 0,5%.
Em uma visão geral, a decisão da Fitch é mais um sintoma da crescente preocupação com os fundamentos econômicos globais. No entanto, a resiliência histórica dos mercados e a firmeza das autoridades americanas sugerem que esta pode ser apenas uma pausa temporária.